Versos sobre a junta de freguesia foram os mais aplaudidos
Padre e sacristão confessam que os versos do Enterro do Entrudo em Samora Correia estão mais “simpáticos” e que há calhandrices que já não se contam.
O enterro do Entrudo em Samora Correia, concelho de Benavente, voltou a sair à rua na Quarta-feira de Cinzas com versos cheios de “merda” para vizinhos, amigos, empresários e políticos da terra. E foram precisamente aqueles remetidos à junta de freguesia, presidida por Hélio Justino, que tiveram direito aos maiores aplausos e celebrações do povo que acompanhava a despedida do santo dos foliões.Já dava os ais de agoniaQuando um lombriguento lhe saíaDo cu dorido, tal qual um penitente,Mas ainda teve tempo de deixarUmas merdelhices de alguidarAli pró senhor da junta presidente.Não tinha raça nem credoE muito menos tinha medoQuando de cagar, o cu lhe começava a arder,Era dos duros que cagavaQue até o ar lhe faltavaPara a Elsa da junta, comer.Não gostava de politiquicesMuito menos de mariquicesQue era um homem com colhões,Para o executivo da junta ele cagouE nuns tachinhos deixouPara comerem nas reuniões. O Entrudo de Samora é conhecido pelo seu testamento asneirento e todos os anos atrai gente da região que vai àquela cidade ribatejana perceber qual o motivo de tanta fama. Foi o que aconteceu com João Pedro Rolo e Fernanda Carvalho, um casal de Alhandra que foi pela primeira vez assistir ao enterro do Entrudo em Samora Correia. Já sabiam que o testamento, do tal que “caga merda por um canudo”, é picante naquela cidade, mas nada os preparou para o chorrilho de asneirada que se gritou nas ruas durante três horas.Porque era Carnaval e ninguém levava a mal, naquela noite o povo transformou-se, as línguas ficaram afiadas e quase ninguém escapou aos versos do padre e sacristão, que chegaram ao fim do funeral afónicos de tanto mandar merda ao povo. O padre, Mário Pereira, notou que a palavra merda - e as suas derivadas - foram gritadas “no mínimo” mais de 30 vezes em cada uma das 39 páginas do testamento. “E quase mesmo a terminarO santo vai mais uma vez cagarPara alguém que o deixa contente,Fica o caixão a transbordarDe merda até fartarPara o Carlos Coutinho presidente.Era este santo um brincalhãoQue se ria quando fazia um cagalhãoQue até se sentia o cheiro a maresiaQuando do cu lhe saíaUma cagamerdeira luzidiaAli pró dono da pizzaria.Este ano, notaram alguns populares, os versos estiveram mais comedidos que nos anos anteriores e o próprio entrudo foi mais “fraquinho”. Até a catequista asneirenta Pachola, que fez furor em anos anteriores, passou ao lado da acção. O padre, Mário Pereira, admite que os versos são hoje “mais suaves” que antigamente e que a ideia é “rir” e não “ofender”, como por vezes acontecia. Mário Pereira, 42 anos e Hélder Salema, de 22, são o padre e sacristão do enterro. Ambos de Samora Correia, passam o ano a preparar os versos que depois gritam à boca cheia. Contam que as cusquices vão-se sabendo mas que há segredos que se deixaram de partilhar nas ruas. Mário conta a O MIRANTE, em jeito de brincadeira, que nunca foi perseguido por alguém da cidade que tivesse levado a mal uma merda atirada à sua cara. “Até é fácil ser padre nesta freguesia”, ironiza. Como sempre o santo acabou queimado no largo do calvário, depois de lhe ser removido o seu acessório fálico. Isto porque, para o ano, vai ser preciso outra vez, haja mais ou menos merda pelos ares.
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