No mundo dos negócios o sucesso alcança-se sustentando os resultados nos pilares da confiança, seriedade e honestidade. A opinião é de António Tavares, 52 anos, técnico superior de telecomunicações e dono da Datatrade, empresa de serviços de informática de Alhandra.Diz que no ramo de negócio da informática a confiança e a honestidade são fundamentais e lamenta que muita gente ainda seja enganada nesse ramo de negócio por desconhecimento. António nasceu em Angola, o pai era militar da Armada e antes de vir para Portugal, aos 11 anos, viveu em Luanda, onde teve uma infância ímpar. “Andava sempre na rua, muita praia, não havia televisão à noite, havia muita vida social na rua, muita brincadeira, foi uma infância muito boa, de muito convívio”, recorda. Já em Portugal, aos 17 anos, depois de perder o pai, foi forçado a arranjar trabalho para poder financiar os estudos e poder acabar a faculdade. Começou a vender livros para os Amigos do Livro. Foi o seu primeiro trabalho. “Era bom a vender e naquele tempo ainda não havia a concorrência da Internet. Fiz bastante dinheiro e com isso consegui acabar a faculdade”, conta a O MIRANTE.Hoje é dono da Datatrade, uma das empresas de informática mais reconhecidas do concelho de Vila Franca de Xira. Está localizada em Alhandra, onde António Tavares também vive. Estudou electrotecnia e correntes fortes, das engenharias de energia e sistemas de potência. Mas como nunca exerceu essa profissão nunca se inscreveu na Ordem dos Engenheiros. Quando acabou a licenciatura já trabalhava na PT Comunicações, onde era quadro superior e ainda hoje se mantém. A empresa de informática é um complemento e onde leva a cabo outra das suas grandes paixões, a informática.“Desde os 16 anos que acompanho a informática, desde o tempo em que não se falava em computadores, apenas em calculadoras, os velhinhos chips 80/80, 80/82, 80/86, os bonecos e brincadeiras que se faziam. É uma coisa que já vem desde há muito tempo”, conta. Ao longo dos anos foi acompanhando a evolução da informática, sempre como autodidacta. Diz que é um trabalho muito desafiante e a sua grande preocupação é com a segurança dos clientes com quem a empresa tem contratos. “Quando as empresas começaram a ligar à informática e a ver as tecnologias de informação como um parceiro de negócio apareceu a crise e tiveram de cortar. No geral muita gente descurou a segurança do seu parque informático. Temos clientes que quando chegam à loja já entram em desgraça completa, com perda de dados e informações. É preciso começar a olhar com muito rigor para isto. As empresas hoje em dia dependem muito do parque informático. Muitas vezes a vida económica e financeira está numa máquina que é também o posto de trabalho. E as pessoas nem dão conta do valor que está lá dentro”, lamenta.António Tavares explica que a crise veio também tornar obsoleto o parque informático da maioria das empresas, que não investem com receio do que o futuro reserva. Na sua empresa António faz manutenção de máquinas (aparelhos avariados, infectados, substituição de componentes), monta computadores à medida do cliente e, além dos contratos de manutenção, trata de alojamento e construção de páginas web, consultoria de segurança e melhores práticas da informática e constrói redes à medida do cliente. “Sou completamente feliz com o que faço. Sem a informática e as telecomunicações a minha vida seria muito mais aborrecida. São a minha grande paixão”, confessa.O empresário diz que hoje em dia a honestidade no negócio é fundamental. “Existe muita gente que é enganada porque desconhece, confiam, e depois as coisas não correm bem. Aparecem-nos aqui máquinas de clientes desesperados, de muita gente que foi enganada noutros locais”, avisa.