Paulo Antunes de Torres Novas vence IronMan na Holanda
Chama-se Paulo Antunes, tem 37 anos e é de Torres Novas. Dá aulas de Educação Física a alunos do primeiro ciclo mas é como atleta que se distingue. Recentemente venceu em Maastricht, na Holanda, uma prova de IronMan (Homem de Ferro), que consiste em 3,8 quilómetros de natação, 180 quilómetros de ciclismo e 42 quilómetros de corrida. Foi a quarta vez que o atleta se aventurou naquela que é considerada a prova mais dura realizada num só dia. A primeira vez foi no País Basco (desistiu com uma lesão na perna), a segunda em Barcelona (terminou pela primeira vez um IronMan mas com enormes dores de estômago) e a terceira na África do Sul (desistiu devido a problemas com a bicicleta). À quarta tentativa, a primeira vitória, alcançada ao fim de nove horas e de muito sangue, suor, lágrimas e alguns vómitos.“É uma agressão enorme para o nosso organismo aquelas horas todas sempre em esforço. Eu por exemplo, em Maastricht, estava nos últimos 10 quilómetros da corrida e tive de parar para vomitar. Mas depois, quando se ganha, é uma emoção enorme, brutal e uma sensação de dever cumprido. Vem tudo à memória, como o apoio da família e dos amigos. Começaram a chover mensagens e chamadas e a única coisa que eu queria era partilhar aqueles momentos com quem me apoia e acompanha”, diz o atleta.Paulo Antunes sente-se no auge das suas capacidades físicas. “O IronMan é considerada a prova mais dura e por isso sinto-me um pouco um super-homem”. É possível fazer uma prova tão exigente sem o recurso ao doping? Paulo Antunes admite que existam atletas que o façam, o que não é o seu caso. “Fui sempre contra as substâncias ilícitas. Não há necessidade de nos estarmos a matar porque o que o doping faz é matar-nos. Recorrer ao doping é ser batoteiro. É andar a enganar tudo e todos. Nunca pensei nisso, nem quero pensar porque vai completamente contra os meus valores”, assegura.Para o atleta é necessário ser-se muito forte a nível psicológico, ter capacidade de trabalho, capacidade de sofrimento e uma dedicação extrema para enfrentar estas provas. Um outro factor essencial é não cometer erros com a alimentação. “Na semana antes tento não beber bebidas gaseificadas, nem cafeína. Tem de ser uma alimentação muito rica em hidratos de carbono e obrigo-me também a comer peixe e bastantes vegetais. Normalmente no dia da prova levanto-me às 4h00 e como um prato cheio de massa ao pequeno-almoço. Durante a prova, é ter consciência que a alimentação é fundamental”, explica, acrescentando: “Não podemos beber quando temos sede. Se temos sede é porque já estamos a desidratar. O mesmo com a fome. Temos de comer antes de sentir fome”. Escola de Triatlo em grande evoluçãoPaulo Antunes é o treinador da Escola de Triatlo do Clube de Natação de Torres Novas, que fundou em 2009. Tem ajudado os jovens triatletas a evoluir e a chegar, por exemplo, a campeões nacionais ou à selecção nacional. Fazem parte da escola quase 60 atletas e o técnico destaca nomes como Ricardo Batista, Carolina Serra, Joana Miranda, José Vieira ou Julian Espinoza. “Têm a ambição de ir longe e eu estou cá para tentar fazer com que os sonhos deles se realizem”, afirma, sem perder a oportunidade de deixar um recado: “Têm bastante potencial, sem dúvida, mas é importante que percebam que ser campeão nacional no escalão deles não quer dizer nada. Se começarem a achar que são os melhores da rua deles, isso é o suficiente para que as coisas acabem mais cedo”.
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