Vice-campeão de patinagem artística mostra que modalidade não é só para meninas
João Reis, que também joga hóquei em patins, foi distinguido pela Câmara de Coruche
O jovem patinador João Reis sagrou-se em Junho vice-campeão do Campeonato Nacional de Iniciados e campeão distrital no mesmo escalão. Alcançar o título de campeão nacional de patinagem artística é o sonho do atleta de 12 anos, residente em Santarém, que representa o Ginásio Clube de Coruche “Os Corujas”. O atleta é pelo quarto ano consecutivo campeão distrital na modalidade. João, que veste também a camisola pela equipa de sub-13 de hóquei em patins, do Hóquei Clube de Santarém (HCS), foi homenageado pela Câmara de Coruche com um voto de louvor atribuído na quarta-feira, dia 12. João Reis divide os seus dias entre Santarém e Coruche, nos treinos de ambas as modalidades, e os fins-de-semana são ocupados em competições e torneios amigáveis. A patinagem artística e o hóquei em patins são dois grandes amores, mas o atleta de 12 anos não tem a certeza de qual gosta mais. “Na patinagem sou eu a trabalhar para alcançar os meus próprios objectivos, no hóquei estamos em equipa e é mais fácil gerir as coisas”, argumenta confessando que está mais inclinado em termos de preferências para a patinagem artística.Dedicação, empenho e muito trabalho são máximas que João nunca esquece. “Na hora das competições preciso de estar concentrado e não me posso distrair com nada”, conta. João Reis começou a praticar hóquei no HCS quando tinha quatro anos. Um ano depois, cansado de estar no banco a observar os treinos de patinagem artística da irmã mais velha, Margarida, decidiu saltar para dentro do rinque e experimentar também essa modalidade. A entrada na patinagem artística não foi bem vista por alguns amigos que achavam a actividade como “coisa de menina”. “Ao início chorava muito porque eles gozavam comigo mas nunca pensei em desistir. Hoje os meus amigos até vão assistir às competições”, explica o atleta, um dos poucos rapazes do distrito de Santarém a competir pela modalidade.Depois de concluídos os testes de aptidão necessários, João Reis começou a competir em 2012, alcançando de imediato um segundo lugar da Taça Nacional Benjamim e o primeiro lugar no campeonato distrital. Desde esse ano, tem arrecado todos os títulos de campeão distrital nos diferentes escalões por que passou. Em 2013, alcançou o quarto lugar no Campeonato Nacional de Infantis e em 2014, já no Corujas, subiu ao terceiro lugar no mesmo escalão, acabando por se tornar vice-campeão em 2015.Em 2016, vai começar a disputar a competição de pares artísticos com uma colega de Os Corujas. “Se estiver a patinar sozinho e me esquecer do esquema posso inventar. Em pares é muito mais difícil porque temos de estar sempre coordenados”, sublinha receoso. A menos de um mês de começar as aulas, João está a aproveitar as férias para treinar com o pai no rinque de Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos. Quando não está sobre rodas gosta de ver televisão, passear de bicicleta, andar de skate ou jogar à bola com os amigos. Um dia sonha ser treinador de hóquei em patins. Não de patinagem artística porque “é muito difícil saber todos aqueles nomes técnicos”. Por agora, vai continuando a patinar pelo sonho de ser campeão nacional da modalidade.Ser treinado pelo próprio paiO atleta de Santarém está a receber no clube de Coruche formação de um treinador muito especial: o pai. Inspirado pela motivação dos filhos pela patinagem artística, Joaquim Reis decidiu tirar em 2008 o curso de treinador da modalidade e é ele hoje que treina o pequeno João na equipa de Os Corujas, onde é também patinadora a filha de 13 anos, Margarida.Como é ser treinado pelo pai? “É bom porque já o conheço e mau porque ele ralha sempre um bocadinho mais comigo preocupado para que eu evolua mais”, confessa o atleta. Já para Joaquim, treinar o filho é tarefa fácil. “É muito simples treinar o João. Ele nem sequer se atreve a refilar e como o conheço bem está tudo mais facilitado”, explica o pai.Sem a família, João confessa que seria bem mais difícil superar os obstáculos e conciliar os treinos e as viagens entre Santarém e Coruche, juntamente com a escola e a formação em viola no Conservatório de Música de Santarém. “O João tem um grande mérito porque trabalha afincadamente para conseguir mais e mais e para mim enquanto pai e treinador é um orgulho”, afirma Joaquim Reis.
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