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Estrepitante Manuel Serra d’Aire

Tenho estado atento aos anúncios da candidatos a deputados pela região e tenho de louvar a estratégia de alguns partidos no que toca ao rejuvenescimento das suas listas. Num país que não é para novos nem vai para novo, não faz sentido apostar em malta jovem, por várias razões: muitos emigraram e, dos que por cá ficaram, a maior parte está-se nas tintas para a política e para os políticos. É por isso que o PS apostou em Vieira da Silva ou o Bloco de Esquerda em Carlos Matias, duas caras novas como cabeças de lista por Santarém que já passaram a barreira dos 60. E os candidatos da CDU António Filipe e do PSD Teresa Leal Coelho também já contam com mais de meio século nos costados.Portanto, se a maior parte do eleitorado é malta já entradota nos anos, talvez não seja má ideia apresentar-lhe opções dentro das suas faixas etárias e que até podem ter sido velhos amigos da tropa ou dos tempos do liceu. A solidariedade geracional pode fazer milagres. Essa é, digamos, a estratégia conservadora e cinzentona dos directórios partidários. Mas se eu fosse um daqueles spin doctors principescamente pagos aconselhava os partidos a enveredarem por uma linha mais ousada, como a que seguiu há uns bons anos um partido italiano que candidatou a estrela porno Cicciolina (hoje uma recatada avózinha) ao parlamento e conseguiu elegê-la. O eleitorado italiano, sobretudo o masculino, presumo eu, foi sensível aos argumentos da candidata e fez dela uma política de corpo inteiro que nada escondia ao eleitorado. Se os nossos partidos mais pequenos têm ambições, esqueçam figuras como marinhos pintos, josés manuéis coelhos e afins e apostem em candidatas que cativem o eleitorado pelo seu poder de persuasão, como a Joana Amaral Dias, por exemplo, mas de preferência mais descapotáveis nas acções de campanha, até porque estamos em pleno Verão.E se surgirem as críticas e invejas do costume dizendo que as candidatas são paraquedistas trazidas para a região pelos partidos para ocuparem lugares que deviam pertencer a pessoas da região, respondam-lhes que paraquedistas por paraquedistas os ribatejanos preferem-nas bem torneadas e apessoadas. Além disso, temos por cá uma base de paraquedistas em Tancos e que, eu saiba, até à data ninguém se queixou. Por isso esqueçam essa história dos paraquedistas!Ou então esqueçam essa chatice das eleições e dos partidos, mais as campanhas eleitorais que são uma treta e que só nos roubam tempo e dinheiro e não trazem grandes benefícios à comunidade. Como eu compreendo os admiradores mais ou menos confessos de Salazar que ainda por aí vão ruminando saudades. Também eu gostava de ter tido a oportunidade de frequentar a Mocidade Portuguesa, de ver TV a preto e branco, de ver o Eusébio jogar ao vivo ou de dar uns tiros em África, mas os caprichos do destino trocaram-me as voltas até acabar, aqui, a escrever estas barbaridades que só essa invenção demoníaca que é a liberdade de expressão pode permitir. Por que é que as máquinas do tempo só existem nos filmes e na literatura?Cumprimentos e saudades do Serafim das Neves

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