uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

José Tolentino Mendonça

“A forma como lidamos com o tempo é anómala porque deixámos de ter tempo. O tempo é uma invenção humana, mas nós nunca temos tempo. [Urge] Uma reconciliação profunda com o tempo, com os ritmos mais humanos, com a necessidade do descanso, do repouso, da sedimentação, para que cada um de nós possa sentir-se habitado, sentir o sabor das coisas pequenas” (…) É um excerto de uma entrevista de J. Tolentino Mendonça, um dos grandes pensadores e poetas dos nossos dias. Muitos dos leitores de O MIRANTE leem o semanário nacional onde Tolentino Mendonça escreve todas as semanas. Algumas dessas crónicas semanais sobre a vida de todos os dias estão compiladas no livro, “Que coisa estranha são as nuvens”, que nos convida a parar e a “simplificar adensando” o modo de viver a vida. Para além de tudo, estamos perante um mestre de humanidade. Ler Tolentino Mendonça é esbarrar na simplicidade da vida que tanto gostamos de complicar.Independentemente da crença, ou da religião de cada um, Tolentino Mendonça é uma referência e um pilar da cultura contemporânea portuguesa. “Ler as páginas de Tolentino é realizar uma experiência de amizade. As suas palavras são palavras privadas ditas em público. São acolhedoras porque mantêm a raiz profunda da experiência e abrem a um diálogo em que o leitor se sente protagonista”, escreve Antonio Spadaro, diretor de La Civiltà Cattolica (Itália). Na verdade as palavras e as ideias em Tolentino Mendonça assumem uma dimensão e um sentido únicos; até o mais complexo dos temas ganha uma simplicidade e clareza que nos conforta e ajuda nos grandes desafios, tanto quotidianos quanto existenciais. É esta vocação quotidiana, prática, local, próxima e pessoal que me leva a escrevê-lo aqui. Nestes tempos de grandes desafios globais e pessoais, pensadores como este ajudam-nos muito. Cada vez estou mais convicto que os passos civilizacionais em frente, de que tanto necessitamos, só são possíveis se acrescentarmos “nível de consciência” às nossas ações.Na verdade, digam-me se há assim uma tão grande diferença entre o terrorismo de Paris e o terrorismo da Volkswagen ou do rio Doce no Brasil? Vivemos num tempo de transição, necessariamente para comunidades mais respeitosas, autênticas e sérias. Neste enorme desafio, a unidade comunitária local é aquela que melhor responde. As pessoas conhecem-se, respeitam-se e ajudam-se, dão tempo umas às outras, ouvem-se e compreendem-se. Só teremos novos e melhores tempos com homens e mulheres que assumam valores éticos e morais muito superiores aos atuais. Dê uma vista de olhos ao que Tolentino Mendonça escreve porque isso o vai ajudar, Feliz Natal.Carlos A. Cupeto

Mais Notícias

    A carregar...