uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Alunos de hoje são mais difíceis de controlar”

“Alunos de hoje são mais difíceis de controlar”

Professor aposentado José Catrola tem repartido a sua vida entre a pintura e o ensino

Foi um dos distinguidos em 2015 pela Câmara de Almeirim com a Medalha de Valor e Mérito pelo seu percurso enquanto professor de Educação Visual, disciplina que leccionou durante 36 anos, a maioria deles na Escola Secundária Marquesa de Alorna, em Almeirim. Inaugurou no início de Dezembro uma exposição, intitulada “Pele”, que está patente ao público na galeria municipal dessa cidade até 4 de Janeiro.

José Catrola descobriu a sua vocação e paixão pelo desenho e pintura aos 14 anos. O seu pai comprava-lhe muitos livros de banda desenhada e José Catrola começou a desenhar os bonecos que via nos livros e percebeu que tinha jeito para a arte. Decidiu nessa altura enveredar pela área artística mas travou uma “luta grande” para convencer o seu pai a seguir aquele caminho. “Naquele tempo as pessoas tinham a visão de que o artista era o boémio, que não ganhava para viver e que a família tinha que o sustentar, por isso foi difícil dar a volta ao meu pai, que queria que seguisse arquitectura. Quem me apoiou foi a minha avó, que vivia connosco e acabou por convencê-lo”, recorda o artista.Ingressou na Faculdade de Belas Artes e optou por repartir o seu trabalho pela pintura e pelo ensino. Introvertido por natureza, confessa que as primeiras aulas, de apresentação, eram difíceis e José Catrola enervava-se muito naqueles momentos iniciais de conhecimento com os alunos. No entanto, com a experiência conseguiu contornar a timidez. Reformado há cerca de três anos conta que agora começa a ter saudades de dar aulas, do contacto com os alunos nas aulas e dos seus colegas professores. Notou muitas diferenças entre os alunos com que se cruzou no início e no final da sua carreira profissional. “Quando comecei os alunos eram muito mais disciplinados e respeitavam o professor, sabiam estar numa sala de aula. Hoje, infelizmente, não é bem assim, é mais difícil controlá-los”, afirma.Perfeccionista, admite que 40 por cento dos quadros que produz vão para o lixo. Pinta a óleo, sem olhar para as imperfeições. Depois vira os quadros para a parede e deixa-os ali durante uns tempos. Semanas depois volta a olhar para eles e corrige o que considera estar mal. “Quando não gosto do resultado final destruo-os. Sou muito exigente comigo próprio”, garante. José Catrola foi um dos distinguidos, em Abril, pela Câmara Municipal de Almeirim com a Medalha de Valor e Mérito, grau ouro, pelo seu percurso enquanto professor de Educação Visual e artista. Inaugurou no início de Dezembro a exposição, intitulada “Pele”, que está patente ao público na galeria municipal da sua terra natal, até 4 de Janeiro.A exposição surgiu após um convite do vereador Eurico Henriques. José Catrola aceitou também como forma de agradecer a distinção de que foi alvo. Confessa que ficou surpreendido com a homenagem do município. Os quadros que integram a exposição foram pintados ao longo dos últimos três anos. “As pessoas quando olham para um quadro só reparam no resultado final, não vêem, nem imaginam, a luta do pintor até chegar aquele ponto em que o quadro está em exposição. Por isso decidi chamar-lhe Pele”, refere.José Catrola pinta todas as manhãs, no seu atelier. De tarde toma conta de um dos netos. O terceiro vem a caminho. Quando a inspiração falha ouve música e lê. Para se inspirar normalmente vê imagens, sobretudo na Internet. Depois faz uma interpretação dessa imagem que serve de clique para começar a criar. Confessa que pintar é um vício e que não vai abdicar dele.
“Alunos de hoje são mais difíceis de controlar”

Mais Notícias

    A carregar...