Borbulhante Manuel Serra d’Aire
Se Mark Twain fosse vivo diria que a notícia que dava como certa a extinção dos dinossauros autárquicos era manifestamente exagerada, pelo menos ali para as bandas de Torres Novas onde um velho exemplar jurássico, que esteve 20 anos como presidente da câmara (até 2013), parece estar a regressar de uma curta hibernação. E, pelos becos e ruelas do centro histórico da cidade do Almonda, já há quem insinue à boca pequena que o voraz predador, que se distingue pelo seu bigode farfalhudo, já anda a pensar deitar a luva ao lugar do seu antigo delfim e sucessor à frente da câmara municipal. Eu, que já vi tanta coisa estranha na vida, como um porco a andar de bicicleta e o Luís Ferreira a trabalhar na secretaria de uma escola, não me admirava nada que esse e outros dinossauros voltassem à liça, movidos pelas saudades do poder. Porque, para quem viveu durante muitos anos como rei da selva, ficar de repente sem poder deve ser frustrante. A ver vamos...Muita gente se compadeceu do socialista Francisco Madelino quando este foi humilhado numas eleições autárquicas em que se candidatou à presidência da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Achavam que um economista e professor universitário ser derrotado pela popular Anita era uma mancha no currículo difícil de eliminar. Pois bem, eu acho (já na altura achava) que ele se safou de boa e que estava talhado para mais altos voos. Ou pelo menos para voos menos turbulentos. E a verdade é que depois de ter passado pela presidência do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), o homem que os salvaterrenses não quiseram para presidente da câmara passou agora a liderar a Fundação Inatel. É ou não é um homem com sorte? E não precisou de ir a votos...Tal como tu, deliciei-me com o naco de prosa que foi citado na anterior edição do Cavaleiro Andante, cujos créditos pertencem aos serviços de cultura da Câmara de Santarém, e fiquei com água na boca, na esperança que essa publicação seja divulgada pelo grande público. “O Município percebeu que existe um enorme e borbulhante conjunto de práticas em estado de emergência, mas em condições de carência de infraestruturas (…)”. Esta é só uma pequena pérola do português ali plasmado e que não está, literalmente, ao alcance de qualquer um. Acredito que, por este andar, dentro de algum tempo temos outro Nobel ribatejano. Porque não há dúvidas de que temos aqui um fervilhante prosador em estado de emergência, embora não me pareça que seja caso para chamar o INEM.Na passada terça-feira, dia 2 de Fevereiro, assinalou-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas. Espero que tenhas comemorado a efeméride com o entusiasmo que ela merece. Pela minha parte, as celebrações do Dia Mundial das Zonas Húmidas deviam ser como as do Natal, ou seja: quando um homem quiser. Ou melhor, quando um homem puder, porque nessa matéria as mulheres têm sempre uma importante palavra a dizer.O Politécnico de Santarém levou quase quatro anos para concluir o processo de avaliação de professores da Escola Superior de Gestão. A Câmara de Santarém instaurou há mais de dois anos um inquérito a um ex-vereador, por alegada utilização de um carro do município em deslocações particulares, e até à data o visado nunca foi ouvido nem as averiguações andaram. Decididamente, temos que rever a forma como olhamos para os alentejanos...Saudações fervilhantes do Serafim das Neves
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