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Abater ou plantar árvores?

Num tempo em que tanto se fala de “cidades e desenvolvimento inteligente” não consigo identificar outra medida tão inteligente como a floresta-arborização urbana.

Em o “O MIRANTE dos Leitores” uma leitora escreveu sobre o abate de árvores em Alverca do Ribatejo. Não conheço de todo a situação em causa e de árvores pouco mais sei do que distinguir um limoeiro de uma oliveira. Convém acrescentar que a minha ignorância na matéria não me impede de amar e admirar profundamente estes magníficos seres vivos. O que se passou em Alverca é comum a todas as terras que conheço, onde alguma vez o abate de árvores gerou polémica. Mas é mais que isso: se uma autarquia quiser desviar a atenção de algo importante, sabe que lhe basta cortar uma árvore. É transversal e sensível e ainda bem que assim é. Seja como for custa-me a crer que alguém, de ânimo leve, corte uma árvore com umas dezenas de anos. Creio que uma decisão destas é ponderada com base em sérios argumentos de vários tipos, incluindo a saúde e bem-estar humanos. Também convém não esquecer que as nossas terras são meios essencialmente urbano-rurais e, por isso, com vastas áreas onde, felizmente, existem boas arborizações. Sabemos que por razões ambientais há cada vez mais pessoas que padecem de alergias e nesta época do ano muito sofrem. Também sabemos que há espécies de árvores particularmente propícias à libertação de pólens e partículas. De um modo geral, este é o quadro onde se desenrolam os comuns episódios de indignação pelo abate de árvores. Na verdade, esta prática é, na maior parte das vezes, casuística e não obedece a qualquer plano. Num quadro de planos e regulamentos para tudo este é um tema a que todos os governos locais deveriam dar atenção “investindo” em estudos e planos de plantação e conservação concelhios. O modelo de parque verde assente em extensos tapetes de relva deve ser pensado e reconvertido em parques arborizados. Isso mesmo, só árvores, simplesmente árvores, autênticas “florestas urbanas” de valor, inclusivamente estético, incomensuravelmente superior. Muito ganharemos todos se esta opção for adotada nas nossas terras. Num tempo em que tanto se fala de “cidades e desenvolvimento inteligente” não consigo identificar outra medida tão inteligente como a floresta-arborização urbana. Parques verdes simplesmente com árvores. Árvores locais e adequadas às funções. Naturalmente que isto não tem nada a ver com as brincadeiras com as crianças no Dia da Árvore e afins.Em matéria de sustentabilidade, um dos temas mais atuais e transversais é o das “alterações climáticas”. Gastam-se rios de dinheiro com estudos e planos que, como é óbvio e habitual, vão dar a coisa nenhuma. Por muitas voltas que se dê não há outra medida mais eficaz na mitigação e adaptação às alterações climáticas do que a floresta. Espaços verdes arbóreos constituem a melhor resposta para tão grande desafio. Esta é, pois, a hora, quanto antes, da floresta urbana. Simples e eficaz (até para ganhar eleições), plantem árvores como um desígnio local.Carlos Cupeto - Universidade de Évora

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