Salvou raposa à beira da estrada em Pernes perante indiferença de quem passava
David Almeida, de Santarém, levou o animal para casa enrolado no casaco
David Almeida não ficou indiferente a uma raposa sentada na berma da Estrada Nacional 3 em Pernes, concelho de Santarém, que passava despercebida aos outros condutores que circulavam na zona. O habitante em Santarém deslocava-se da base do Intermarché em Alcanena, onde trabalha, para casa. Eram 18h00 de dia 20 de Abril quando David parou o carro e dirigiu-se ao animal pensando que era um cachorro abandonado e só quando chegou perto é que viu que se tratava de uma raposa vermelha (nome científico “Vulpes Vulpes”).
O salvador do mamífero acredita que “mais uns minutos e a raposa podia ser atropelada por um carro”. David conta que todos os dias no percurso que faz entre casa e o trabalho vê muitos animais mortos e isso custa-lhe muito, até porque também tem animais de estimação. “Custa-me ver animais mortos. Temos de preservar a natureza”, refere. A raposa não lhe ofereceu qualquer resistência: “parecia um cão”, voltou a frisar.
David enrolou o animal no seu casaco, meteu-o no carro e levou-o para casa em Santarém. Sem saber o que fazer, ligou para alguns amigos para saber como devia proceder, pois tratava-se de um animal selvagem. Foi um colega que lhe deu a indicação para ligar para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), mas não conseguiu falar com alguém pois na altura o serviço já se encontrava encerrado. Resolveu ligar então para a GNR, que recolheu o animal e o entregou no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Durante o tempo que esteve com a raposa, cerca de três a quatro horas, até ser recolhida pela GNR, ele e a mulher cuidaram dela, dando-lhe alimentos. Mas refere que não foi fácil fazer com que comesse. David Almeida diz que o animal parecia dócil e tinha algumas carraças.
A consciência em ajudar os animais faz parte da personalidade de David Almeida e da sua mulher, Ana Lino. Já não é a primeira vez que ajudam animais debilitados. Da última vez foi a sua mulher que recolheu um cão à vinda do seu trabalho e que ainda hoje faz “parte da família”.
Animais recolhidos vão para centros de recuperação
A GNR costuma entregar os animais que recolhe no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC). O parque não tem instalações para prestar os cuidados aos animais e reencaminha-os depois para centros de recuperação, em Monsanto (Lisboa) ou Montejunto. Depois de reabilitados os animais são devolvidos ao seu habitat natural. Os animais debilitados ou feridos são entregues pela GNR, por outras entidades ou pelos vigilantes da natureza em três pontos: o Parque Ecoteca em Porto de Mós, o Monumento Natural das Pegadas dos Dinossáurios no Bairro, concelho de Ourém, ou nos serviços administrativos da PNSAC em Rio Maior.