Mauro Aniceto, 37 anos, é cozinheiro chefe e sócio-gerente do Brasão da Cidade, cervejaria situada na Avenida dos Combatentes, em Santarém, mas antes de chegar ao ramo da restauração passou por várias outras actividades laborais. Natural de Viseu, foi em pequeno viver para a linha de Cascais e cresceu em Paço de Arcos. Em 1997, quando fez 18 anos, mudou-se para Santarém, de onde é o seu pai. Actualmente reside em Alcanede.
Tem o 9º ano de escolaridade e diz não ter querido tirar o 12º ano por opção. “Queria trabalhar, ganhar o meu dinheiro e seguir com a minha vida”, afirma. Revela que teve sempre mais aptidão pelas áreas mais técnicas. Aos 18 anos teve o seu primeiro emprego, na construção civil em Santarém. Alguns anos depois surgiu o primeiro contacto com o ramo da hotelaria, num restaurante do Cartaxo, que complementou por algum tempo o seu trabalho na construção.
“Gosto muito do contacto directo com o cliente e em certos momentos do dia levanta-nos a moral porque este é um trabalho que se torna muito puxado e animicamente vamos abaixo devido a vários problemas que possam surgir. O contacto com o cliente acaba por ajudar a aliviar um pouco esse stress”, sublinha Mauro, que por essa altura servia à mesa aos fins-de-semana para poder ganhar algum dinheiro extra.
Depois da construção civil veio uma série de trabalhos em áreas como sistemas de alarmes, climatização, encarregado dos projectos de rega, fábricas, carnes, madeiras e até na distribuição de correio. “Saltitava de emprego a emprego, mas onde estive mais tempo foi na climatização. Sou um homem dos sete ofícios”, diz entre risos.
Já a cozinha surgiu após nova mudança na sua vida. “Tinha vinte e muitos anos e na altura mudei-me de Santarém para Lisboa. Como sempre gostei de cozinha surgiu a oportunidade de tirar um curso e fui experimentar. Tirei-o no Atelier de Cozinha do Chef Michel e enveredei por esta profissão”, conta. Depois Mauro Aniceto nunca mais saiu da área: esteve no Vila Monte Resort no Algarve, no restaurante Cantina LX Factory em Lisboa e no grupo Dom Prego - neste último primeiro como cozinheiro e depois como chefe executivo. “E porque como gosto mais do campo do que da cidade e como tinha cá uma residência voltei”, revela.
“Organizei a minha vida, pensei neste projecto durante três ou quatro anos e abrimos em Outubro de 2015”, diz Mauro que agora mora em Alcanede. “Cada dia é um novo desafio porque neste ramo nunca sabemos como vai correr o dia. Dá muito trabalho, mas quem corre por gosto não cansa”, afirma o cozinheiro que também serve à mesa e gere o espaço. No entanto a parte mais burocrática está entregue à sua mulher - “sou mais da parte operacional”, sublinha.
O Brasão da Cidade funciona das 11h00 à 1h00 e fecha à segunda, mas Mauro salienta a enorme carga de trabalho que tem e diz aproveitar as folgas para tratar daquilo que não consegue durante a semana, pelo que só tem tempo para descansar e dormir. O cozinheiro gosta de fazer todos os pratos, assim como comê-los, mas consegue eleger um onde diz ser especialista: o ensopado de borrego. “É um prato que, pelo feedback que tenho, domino acima da média”. No entanto o sucesso do Brasão da Cidade está cimentado com o conceito cervejaria, com pregos, marisco e petiscos.
Apesar da conjuntura do mercado, a casa está a crescer mas Mauro é cauteloso: “Não podemos acomodar-nos, porque quem se acomoda dá-se por vencido. Temos de inovar, ser dinâmicos e andar para a frente. Isto é projecto para mais casas e não é para ficar nesta cidade. Provavelmente abriremos outros em Santarém, depois o futuro dirá”.