São os três de Benavente, ainda não têm 20 anos e vão actuar pela primeira vez no festival Reverence Valada, de 8 e de 10 Setembro que decorre em Valada, no concelho do Cartaxo. Integrar a terceira edição do evento de rock psicadélico underground é um sonho para os Ossos D’Ouvido, banda de rock instrumental de Benavente, um festival que traz grandes nomes internacionais da música alternativa com muitos anos de palco, como The Sisters Of Mercy ou Killing Joke.
“Já tínhamos tocado num concerto de aquecimento do festival no ano passado em Benavente, mas desde 2014 que queríamos tocar no festival”, afirma João Massano, de 19 anos. O baixista é primo do baterista, Pedro Almeida de 18 anos, aos quais se junta o guitarrista Diogo Lourenço de 18 anos.
Os três são naturais de Benavente mas estudam em Lisboa: Pedro e Diogo estudam jazz no Hot Club e João aprende pintura na Faculdade de Belas-Artes. Com as férias de Verão estão na vila que os viu nascer. Aos oito ou noves anos estiveram na banda filarmónica da Academia de Música de Benavente: Pedro tocava bateria e saxofone, Diogo guitarra e João guitarra e bombardino.
“Por volta dos 13 anos tocávamos na rua com guitarras acústicas e djembê. Íamos para a zona ribeirinha ou para outros sítios com amigos da escola, fazíamos umas fogueiras e improvisávamos”, conta Pedro Almeida. Os improvisos transformaram-se em ideias que os três músicos passaram para formato eléctrico. A 8 de Março de 2014 deram o seu primeiro concerto num bar onde está actualmente o Grupo Columbófilo de Benavente. “O dono fazia anos, era o dia da mulher e ele convidou-nos a tocar lá. Ensaiámos durante três semanas e apresentámos as músicas que tocávamos na rua”, conta Diogo.

“Tentamos não ser monótonos”
Os Ossos D’Ouvidos definem o seu som como rock instrumental, progressivo e psicadélico, mas abraçam o jazz, o reggae ou até mesmo as músicas do mundo. “Tentamos não ser monótonos”, afirma Pedro. Entre as influências mais preponderantes da sua música estão nomes como Ornatos Violeta, Pink Floyd, Led Zeppelin ou Frank Zappa. “Nenhum de nós tem o hábito de cantar”, afirma o baterista quando perguntado sobre o porquê de não utilizarem a voz. “Olhamos mais para as melodias e para os ambientes”, reforça.
O trio tem uma maquete gravada de nome “E.Partida” [lê-se E Ponto Partida] que serviu para registar o seu som inicial e para divulgar em bares. “É muito cru mas está ultrapassado e o melhor elogio que recebemos é que ao vivo soamos melhor do que em estúdio”, afirma Diogo.
Os ensaios estão facilitados uma vez que os três músicos moram juntos em Lisboa e em tempo de férias é a casa do Pedro que serve de sala de ensaios.

Benavente não aposta nos projectos alternativos

A capital é onde os Ossos D’Ouvido actuam com mais regularidade e no concelho de Benavente admitem sentir dificuldades em tocar ao vivo. “Parece que andamos a regredir em vez de evoluir”, afirma Diogo Lourenço, acrescentando que a saída do bar Side B deixou órfãos no concelho. Por sua vez, Pedro Almeida recorda o erro da câmara com o fecho da Escola de Música de Benavente em Março de 2015, como noticiado pelo O MIRANTE a 27 de Maio de 2015. “Era uma escola mais autodidáctica, que impulsionava os jovens a criarem bandas, tinha excelentes músicos e era a porta para outros estilos. E como tirou as pessoas das filarmónicas decidiram fechar o projecto”, aponta o jovem.
Diogo lembra ainda o Festival Âncora organizado pela AJB - Associação de Jovens de Benavente que trouxe à cidade os Linda Martini, Da Weasel ou Mundo Secreto. “Foi há cerca de dez anos e era feito por um grupo muito competente, mas como alguns elementos acabaram por sair não continuou e hoje temos apenas algumas noites de concertos”, lamenta.
O concerto no Reverence Valada Festival está marcado para o dia 9 de Setembro às 14h00 e sobre os próximos passos do grupo João Massano é peremptório: “uma editora, um álbum e um videoclip”. A música dos Ossos D’Ouvido pode ser ouvida em www.ossosdouvido.bandcamp.com.