uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Foi o diabo que por aqui passou”

“Foi o diabo que por aqui passou”

Fogo deixou rasto de destruição nos concelhos de Abrantes e Sardoal. Municípios vão ajudar à reconstrução de edifícios danificados pelas chamas.

As Câmaras de Abrantes e do Sardoal comprometeram-se a ajudar a reparar os danos causados pelo grande incêndio que devastou esses concelhos na semana passada e que obrigou à evacuação de quase toda a população da aldeia de São Simão, no Sardoal. A Câmara do Sardoal vai também realojar, num imóvel municipal, uma família de São Simão cuja casa ardeu.
Fernando Paulo e a irmã foram dos poucos que não quiseram sair de São Simão durante o incêndio e permaneceram junto à sua pequena quinta. “Evacuaram a aldeia e ficámos cá nós. A minha irmã fugiu com os filhos e com a nossa mãe que não consegue andar. Fiquei cá eu e depois ela voltou para me ajudar a apagar o fogo da casa”, conta apontando para o telhado ardido de um anexo.
Fernando ficou sem o trabalho de três meses. “Tinha andado a cortar oliveiras para lenha para vender no Inverno e ficámos sem nada. Eram 97 oliveiras e ardeu tudo, fora aquelas que tenho aqui carregadas de azeitona”. Os animais de criação também morreram todos queimados.
Maria de Fátima Lopes conseguiu salvar o gado, “mas agora não há pastagens”, diz. O seu neto de 14 anos acabou por ir parar ao hospital com um ataque de pânico. “Deixei de ver o meu neto e quando chego ao largo onde estava muita gente já ele estava dentro da ambulância e como a aldeia já estava cercada pelas chamas teve que ir um jipe dos bombeiros à frente, a ambulância no meio e a GNR atrás. Em 2006 houve um incêndio muito grande mas nada como isto. Foi o diabo que aqui entrou. Fátima ficou sem um olival e sem a sua horta onde tinha batatas, couves e outras hortaliças mas dá “graças a Deus” porque o que interessa “é que a casa está salva”.
O mesmo não podem dizer os irmãos Dias que vivem agora na casa de uma irmã a dezenas de metros daquela em que habitavam e que acabou por arder. “Foi uma noite muito difícil devido ao incêndio, não tínhamos água nem luz, foi muito complicado”. Jorge Dias conta que o fogo já tinha passado por ali sem ameaçar as casas e como estava descansado foi a Abrantes mas a meio do caminho recebeu um telefonema da sua irmã a dizer que a casa estava a arder. “Quando cá cheguei já tinha ardido o telhado. Já estiveram aqui técnicos da câmara e há a promessa de que vão reparar os estragos”, refere.
O incêndio esteve a dois metros da casa de Álvaro Silva. Os vidros das janelas e porta da habitação acabaram por estalar. “Foi uma noite de inferno a ver isto tudo a arder. Chegou a uma altura em que os moradores tiveram que abandonar mas eu fiquei aqui para salvar a casa”. Álvaro fazia uns biscates como mecânico de automóveis numa pequena oficina junto à casa. Diz que os carros que ali estavam já tinham como destino a sucata, mas as ferramentas que ali estavam foram perdidas. “Fazia uns biscates para ganhar mais algum dinheiro mas agora acabou-se”, lamenta.

“Foi o diabo que por aqui passou”

Mais Notícias

    A carregar...