Fornecedores da Câmara de Tomar esperam em média um ano para receber
Município está em 10º lugar na lista nacional dos que pagam mais tarde. Em Outubro de 2012, quando estavam na oposição, os socialistas de Tomar inviabilizaram recurso ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), que tinha permitido o pagamento de dívidas a fornecedores e a redução do período médio de pagamentos.
Os fornecedores da Câmara Municipal de Tomar esperam em média cerca de um ano (362 dias) para receber. O Município está em 10º lugar na lista nacional relativa ao segundo semestre deste ano, dos que pagam com atraso superior a 60 dias e não consegue alterar a situação. Do primeiro para o segundo semestre deste ano o atraso dos pagamentos aumentou em trinta dias e em 2015 nunca conseguiu pagar a menos de 300 dias.
A situação vivida pela Câmara de Tomar, liderada pela socialista Anabela Freitas, deve ser lida com base no que se passou em Outubro de 2012. Nessa altura, o PS, então na oposição, inviabilizou a adesão da câmara municipal ao PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), que concedia empréstimos em condições muito vantajosas aos municípios, para pagamento de dívidas a fornecedores.
Tomar pretendia 3,5 milhões e o então presidente da câmara, Carlos Carrão (PSD), chegou a conseguir assinar o contrato com o Governo mas o mesmo foi inviabilizado pelo Tribunal de Contas, com base no facto de a proposta de adesão não ter sido aprovada por maioria absoluta na assembleia municipal (teve 15 votos a favor e 13 contra).
Na altura os socialistas, que agora estão no poder, alegavam que o PAEL iria ser um trunfo eleitoral para o PSD, uma vez que as eleições locais ocorreriam um ano depois e nem o facto de as empresas estarem em dificuldades devido à crise, os sensibilizou. Agora o PS pode estar a pagar pela sua decisão e continua a prejudicar a vida das empresas suas fornecedoras e a economia local ao não ter capacidade para liquidar as suas dívidas dentro de prazos razoáveis.
A maioria dos municípios que recorreu ao PAEL pagou a quem devia e resolveu os atrasos nos pagamentos, estando a pagar com prazos médios muito inferiores aos 362 dias que Tomar demora a pagar. Almeirim, Azambuja, Cartaxo, Chamusca, Ourém, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha estão a pagar abaixo dos 60 dias e Rio Maior, Entroncamento e Santarém estão a pagar abaixo dos 80 dias. A excepção foi o Sardoal que está actualmente a pagar a 132 dias mas que já teve períodos médios de pagamento muito mais baixos.
Na lista disponibilizada dos municípios que pagaram a mais de 60 dias no segundo trimestre deste ano estão mais seis municípios da região para além de Tomar. Mas apesar de pagarem com muito atraso, em nenhum deles os fornecedores esperam tanto tempo para receber como naquele concelho. Em Alpiarça (189) e Golegã (172) o atraso nos pagamentos ronda os seis meses. A agravante nestes dois casos tem a ver com o facto de ambos já terem tido prazos de pagamento mais curtos. No primeiro trimestre do ano passado Alpiarça pagava em média a 74 dias e a Golegã a 114.