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Avisado Manuel Serra d’Aire

A PSP deteve na semana passada um homem em Santarém porque o infractor transportava consigo no carro uma moca, utensílio muito popular no tempo dos Flintstones e que hoje é considerada uma arma proibida. Esta não é a primeira vez, nos últimos tempos, que têm sido feitas apreensões do género o que me leva a começar a dar razão àqueles que pregam que vivemos um novo PREC (Processo Revolucionário Em Curso), semelhante ao que se viveu no período quente após a revolução de 25 de Abril de 1974.

Com a gradual aproximação da esquerda mais radical ao poder, um dia destes, meu caro Manel, ainda vamos ver a estrada novamente cortada por agricultores em Rio Maior e a moca a ressurgir como símbolo da luta contra os comunistas e afins. E quem sabe se, com esta onda de revivalismo que para aí anda, não volta também à cena o célebre leão de Rio Maior... Porque o outro leão, o de Alvalade, para mal dos meus pecados, continua aos soluços.
O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado, não só é amigo do seu amigo (como tu muito bem referes no teu último escrito) como também é um abnegado defensor das tradições taurinas e um digno continuador da obra que Moita Flores deixou pelo Ribatejo no que a esse capítulo diz respeito. Para além de adjudicar a organização de festas a amigos, o que é de louvar tendo em conta que a amizade é um bem precioso, substituiu-se ao empresário da praça de touros da vila e tratou de pôr a autarquia a organizar corridas. É evidente que não conseguiu as enchentes nem a projecção que Moita Flores, graças à compra e posterior oferta de milhares de bilhetes, conseguiu em Santarém na década passada, mas, caramba, o caminho faz-se andando e ninguém nasce já vestido e penteado.
Disse o autarca chamusquense que a tourada foi para ajudar a promover a vila, mas eu tenho muitas dúvidas, pois não ouvi falar da corrida até ser notícia em O MIRANTE. Não ouvi eu nem, pelos vistos, ouviram os anti-taurinos que não perdem uma oportunidade para se manifestar e que, se soubessem, sempre tinham ido até à “terra branca” armar banzé e levado as televisões atrás deles. Assim sempre se garantiam uns minutinhos de fama na TV. Para a próxima, a Câmara da Chamusca que não se esqueça de convidar essa malta, nem que seja preciso pagar-lhes o transporte e umas buchas. Afinal de contas, os amigos são para as ocasiões...
O senhor doutor juiz de Mação que também é conhecido por super juiz e que anda há anos a dedicar-se à caça grossa diz que se farta de trabalhar para conseguir pagar as contas. E eu acredito, até porque, como ele, devemos ser para aí 95% dos portugueses que trabalham. Pela minha parte achei saudável essa confissão. Afinal de contas os magistrados não são uma casta à parte mas sim uns tesos como nós que se vêem à rasca para pagar as contas e que têm de trabalhar ao fim-de-semana para compor o orçamento. Ou seja: afinal ainda há alguma justiça neste mundo apesar de andar tanta malandragem por aí à solta...
Um saravá do
Serafim das Neves

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