“Adoro viver no Sardoal pela tranquilidade e qualidade de vida”
Maria Manuela Gaspar queria ser cabeleireira desde pequena. Aos 21 anos tirou o curso e abriu um salão em Santarém, concretizando o objectivo de infância. Mais tarde regressou à aldeia onde nasceu, no concelho do Sardoal. Neste momento trabalha só por marcação num salão junto à sua casa.
Maria Manuela Gaspar, 45 anos, já em pequena pensava em ser cabeleireira. Em criança ia para a casa da sua avó e treinava nos cabelos de uma tia que era a sua “cobaia”. Até fazia rolos de cabelo com paus de pinheiro e com as carumas. Quando casou, aos 21 anos, foi viver para Santarém com o marido, militar colocado na Escola Prática de Cavalaria. Foi nessa altura que surgiu a oportunidade de tirar o curso de cabeleireira.
Depois de tirar a formação abriu, com uma colega, um salão de cabeleireiro na capital de distrito que esteve aberto ao público durante cinco anos. Mas um problema de saúde fê-la voltar à sua aldeia, Presa, freguesia de Alcaravela, no concelho do Sardoal, onde hoje trabalha num salão junto à sua casa. A cabeleireira confessa que adorou viver em Santarém. “É uma grande cidade mas sem a agitação de Lisboa. As pessoas de Santarém é que têm um pouco a mania. São todos doutores. Nunca vi uma coisa assim... Tratavam-se todos por doutores”, conta divertida.
Neste momento só trabalha por marcação. A doença do foro neurológico não lhe permite grandes jornadas de trabalho e por isso “o Sardoal é o melhor sítio para viver pela calma e qualidade de vida, temos mais tempo para nós”, diz. “Parece que estamos longe de tudo mas com as novas vias de comunicação tudo é perto”, acrescenta. Nas horas livres lê bastante, vai ao café para se distrair e aos fins-de-semana não perde a oportunidade de ir a Lisboa visitar o filho que está a estudar na universidade.
Diz que hoje os homens são mais vaidosos. “Eles quando vêm cortar o cabelo já sabem o que querem, apesar de muitas vezes eu perceber logo que não lhes vai ficar bem aquele tipo de corte. Já me aconteceu dar uma opinião e eles aceitarem e alguns até acabam por gostar. As mulheres entregam-se totalmente. Faça ao seu jeito”.
O trabalho que mais gosta de fazer aos seus clientes são ondulações. “Gosto muito desse tipo de trabalhos o que quase nenhum cabeleireiro gosta de fazer talvez porque não seja fácil. O dia em que tenho mais marcações normalmente é ao sábado”.
Ter um salão é um bom negócio. Mas se tivesse um salão em Santarém seria muito melhor porque há muito mais movimento e até os preços são mais elevados. Os pedidos também são diferentes. “Aqui não posso praticar os mesmos preços de Santarém. Mas mesmo sendo na aldeia é um bom negócio. Em Santarém as clientes são mais exigentes”, afirma.
A situação mais engraçada que lhe aconteceu foi cortar demais o cabelo a um cliente. “A mulher dele tinha acabado de ligar para me dizer para não cortar o cabelo muito curto ao marido, mas quando estava a cortar o cabelo o pente saltou da máquina e fiz-lhe um corte sem pente. Resultado, o homem saiu daqui quase careca”, conta a sorrir.
Apesar de ter nascido no norte do distrito Maria Manuela diz sentir-se “muito ribatejana”, vibra com as corridas de toiros “apesar de no norte do distrito não haver muitas”. Quando quer assistir a uma tourada vai a Salvaterra de Magos, a Santarém ou à Chamusca. “Gosto da festa, dos forcados, das roupas dos toureiros”, diz. A sua viagem de sonho era fazer um cruzeiro pelo mundo. “Acho que iria gostar da sensação de andar uma semana pelo mar. Adoro a tranquilidade”, confessa.