Funcionária da Junta de Alhandra suspeita de ter desviado mais de 20 mil euros
Autarquia moveu processo disciplinar, suspendeu a trabalhadora e fez queixa no Ministério Público. A trabalhadora era responsável pelo processamento dos vencimentos do pessoal da junta e era quem alegadamente dava as ordens de pagamento para os bancos.
Uma funcionária da Junta de Freguesia de Alhandra, com 36 anos de serviço naquela autarquia, foi suspensa do serviço na última semana por suspeitas de ter desviado, só neste mandato, mais de 20 mil euros dos cofres daquela entidade pública. Mas suspeita-se que o caso se arraste há pelo menos dois mandatos, desde o tempo da gestão de Luís Filipe Dias (PS).
Além da suspensão do serviço por 90 dias foi também movido um processo disciplinar contra a funcionária em causa e apresentada queixa no Ministério Público. O caso é confirmado a O MIRANTE pelo presidente do executivo da Junta de Freguesia de Alhandra, Mário Cantiga (CDU), que recusa prestar esclarecimentos sobre o assunto enquanto estiver a decorrer o processo disciplinar.
Mas sabe-se que o caso apanhou toda a gente de surpresa na junta de freguesia e ainda há quem esteja incrédulo, já que a mulher era bastante estimada na comunidade, e em quem toda a gente confiava. A funcionária era responsável pelo processamento dos vencimentos do pessoal da junta e era ela quem, alegadamente, dava as ordens de pagamento para os bancos com quem a junta opera.
Ao que O MIRANTE apurou, a funcionária auferia cerca de 1200 euros mensais e, alegadamente, ainda transferia um valor adicional na ordem dos 450 euros para uma conta sua mas com descritivo em nome de um antigo funcionário. O esquema foi passando pelos diferentes filtros da junta ao longo dos anos, incluindo por quem tinha a responsabilidade de verificar a autenticidade dos pagamentos e a contabilidade.
O esquema foi descoberto no dia 16 de Setembro quando a funcionária em causa se ausentou do serviço para ir a uma consulta. Uma colega ao aperceber-se das desconformidades foi analisando os processos até perceber que algo não estava bem. Quando a mulher voltou ao trabalho terá sido confrontada pelo executivo da junta com o sucedido mas terá negado o desvio do dinheiro. Mais tarde terá explicado que o caso era do conhecimento do anterior presidente da junta e que o mesmo serviria quase como um empréstimo de curto prazo. Por fim, terá também prometido devolver todo o dinheiro que tirou.
O MIRANTE tentou contactar a funcionária em causa mas tal não foi possível até à data de fecho desta edição. O instrutor do processo disciplinar será entretanto indicado pela câmara municipal, já que não há ninguém de categoria superior na autarquia de Alhandra para conduzir o processo.