“As pessoas hoje estão mais conscientes do que podem gastar”
José Oliveira, 40 anos, gerente do Stand José Oliveira, Azambuja
Nasceu em Espinho mas com poucos meses veio para o Cartaxo onde estudou até ao secundário. José Oliveira diz que tem jeito para o direito, mas foi na manutenção de máquinas e carros que fez carreira. Há 12 anos que está em Azambuja, concelho onde gere um stand de automóveis em nome próprio. Depois da crise vai apostar no mercado lisboeta.
Nasci em Espinho e com poucos meses vim para o Cartaxo. Fiz lá o 12.º ano e estou em Azambuja há 12 anos. No Cartaxo joguei futebol nos juniores e futsal. O Cartaxo caiu. Era melhor do que Santarém, com muito movimento, e agora passamos pela Rua Batalhoz e vemos muitas lojas fechadas e pouca vida.
Azambuja é uma terra muito castiça e muito ribatejana. As pessoas dão-se bem, a vila é engraçada, tem vida e é onde gosto de viver.
O stand é a minha princesa. Comecei há 12 anos em Aveiras de Cima [concelho de Azambuja] e há cinco anos aproveitei o espaço da feira automóvel na entrada norte de Azambuja. Há três anos adquiri uma loja aqui na vila onde exponho motos e tenho um espaço de usados com carros mais baratos.
Tivemos um período complicado quando veio a troika. As pessoas assustaram-se um pouco. Agora parece que a poeira assentou. As pessoas estão mais conscientes do que podem gastar e acabaram-se aquelas loucuras de comprar grandes carros.
Este negócio é imprevisível. Os grandes desafios são manter o volume de vendas e tentar crescer um bocadinho. Pode-se ter um objectivo a longo prazo mas o mercado é que dita se cresces ou não. No entanto apostamos na qualidade e na cumplicidade e bom entendimento com o cliente para conseguir esse crescimento.
Em criança gostava de coisas relacionadas com máquinas, comboios e aviões. Mas a realidade é outra coisa. O meu primeiro emprego foi a fazer a manutenção de máquinas de uma empresa na zona industrial de Azambuja onde estive durante dois anos. Gostava de ter tirado Direito porque gosto do confronto, acho que tenho algum jeito mas não tenho tempo para concretizar esse desejo.
Estive na linha de montagem da Opel três anos. Saí muito antes de rebentar em Portugal. Fui também comercial durante três-quatro anos numa empresa que vendia sistemas AVAC [aquecimento, ventilação e ar condicionado]. Durante esse período tive mais tempo para me dedicar à venda de automóveis que já tinha começado na Opel. Comprava um veículo a um particular e tentava vendê-lo com uma margem, depois comprava outro e continuava. Em 2004 arrisquei e iniciei o meu negócio.
Sou do tempo em que se brincava na rua. Jogávamos à bola contra outros bairros e andávamos de bicicleta. Hoje não há nada disso. Os miúdos passam o tempo agarrados ao tablet e nos jogos em rede, têm muitos amigos mas nem se conhecem. Noto a diferença com os meus dois filhos e faz-me um pouco de confusão, mas há pais que os tentam puxar para as actividades físicas e sociais.
Gosto de estar com amigos, ir até ao Porto ver a família ou ir até ao Algarve. De mês a mês vou a Palmela andar de karting com uns amigos. Vamos pela diversão mas não fico nos últimos lugares.
Temos um país fantástico. Este ano o Algarve esteve digno de umas Caraíbas. Ainda não fui à Madeira mas os Açores são muito bons. Têm tudo, boa comida estão rodeados por mar e há o privilégio de às dez da noite estar frio e poder-se usufruir daquelas águas vulcânicas com 30-40 graus.
Argentina ficou-me no coração. São latinos, fervorosos com o seu país, come-se bem, o clima é bom e em qualquer sítio há tango.
Não gosto muito de filmes de ficção científica. Não retratam a realidade e os efeitos especiais podem ser giros mas não me atraem. Gosto muito de fado e dos artistas portugueses, mas o metal e aquelas coisas barulhentas não são para mim.
Este negócio é como ter mais um filho. Tenho um projecto de o expandir para Lisboa, vamos tentar explorar outro mercado. Tem sido de degrau em degrau e é assim que vai continuar.