Na última semana registaram-se mais dois acidentes mortais na linha ferroviária do Norte na zona de Santarém. Duas fatalidades que infelizmente trazem à nossa memória o esquecimento e o abandono a que tem sido votado o concelho de Santarém pelas altas esferas do país no que toca ao investimento na ferrovia.
A Linha do Norte conheceu vultuosos investimentos da administração central em praticamente toda a sua extensão, tanto em estações como na sua modernização, e na capital de distrito, salvo intervenções de pormenor na velha estação, tudo continua na mesma. A propalada alteração do traçado, com a construção de uma variante ferroviária e de uma nova estação, ficou adiada para as calendas e é hoje uma miragem a que só os mais crentes se agarram. E a supressão das passagens de nível - um empecilho à circulação automóvel e onde continua a morrer gente - é mais uma promessa que está há muitos anos por cumprir.
Para compor o ramalhete, temos ainda o parque de estacionamento nas traseiras da estação, onde há assaltos constantes, e a falta de estacionamento na renovada estrada da estação para quem ali quer simplesmente deixar ou receber passageiros da CP. Uma apagada e vil tristeza que atinge uma cidade que tem de deixar de se limitar a ver passar os comboios e fazer escutar a sua voz em Lisboa.
J. C. Reis