Médicos preocupados com o futuro do Hospital de Santarém...
Revelação feita por candidato a bastonário da Ordem dos Médicos que visitou unidade de saúde
Da visita que fez ao Hospital de Santarém, Miguel Guimarães levou uma boa imagem da qualidade dos médicos mas não do funcionamento da unidade hospitalar. O candidato a bastonário da Ordem dos Médicos diz que é grave a falta de capacidade de se constituírem equipas para as urgências, sublinhando a incapacidade da directora clínica para resolver os problemas.
Os médicos que prestam serviço no Hospital Distrital de Santarém estão preocupados com o futuro dessa unidade hospitalar, perante as deficiências e má imagem que este tem revelado nos últimos tempos. Esta situação foi aferida pelo candidato a bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que visitou o hospital na quinta-feira, 5 de Janeiro. “Há de facto uma grande preocupação dos médicos quanto ao futuro do Hospital de Santarém”, revelou o médico.
O médico, referindo-se às dificuldades em se formarem equipas para as urgências, considerou que “quando o director clínico não consegue resolver as situações, alguma coisa está mal”. Miguel Guimarães considerou que este “é o problema mais sério do Hospital de Santarém”, realçando que “não existem os médicos suficientes para fazerem as urgências funcionarem de acordo com aquilo que são as regras e a directora clínica tem obrigação de resolver os problemas que existem”.
Esta situação já tinha motivado uma intervenção do actual bastonário, José Manuel Silva, que criticou a organização das escalas no serviço de urgência, com alegadas equipas desfalcadas. O bastonário foi ao ponto de sugerir a demissão da directora clínica, a quem interpelou para que garanta os níveis de qualidade que um serviço destes deve ter. Miguel Guimarães tinha solicitado uma reunião com a directora clínica, para a altura da visita, mas não chegou a falar com Maria Lopes, “porque não nos foi comunicado um tempo para podermos reunir e não podemos ficar a manhã toda no hospital”, esclareceu.
Miguel Guimarães diz ter uma boa imagem dos médicos que trabalham no hospital e considera que o facto de este estar perto de Lisboa tem dificultado a contratação de especialistas. “Há algumas deficiências que têm de ser corrigidas a nível do capital humano”. Quanto aos que trabalham na unidade diz que “são dedicados e que lutam por um Serviço Nacional de Saúde melhor e que têm conseguido manter os cuidados assistenciais num bom nível, apesar de existirem algumas deficiências e algumas faltas de médicos em algumas especialidades e de equipamento”.
Serviço Nacional de Saúde pode começar a definhar
Formar um médico na universidade custa entre 60 mil e 100 mil euros. Não contando com a formação específica como o ano comum ou o internato, que podem custar mais 100 mil euros. “Não é só o investimento que se faz na formação. Se não tivermos médicos jovens no Serviço Nacional de Saúde e a inovação que pode ser introduzida por eles, vamos ter dificuldades em manter o serviço com a actividade e a pujança que ele tem hoje e vai começar a definhar”, constatou.
A culpa da falta de médicos no interior é do Governo
O candidato à Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considera que “o Governo não tem feito aquilo que devia fazer para contratar médicos” para o interior do país. O médico questiona o combate à reforma antecipada de médicos, a emigração extraordinária de médicos e o facto de muitos médicos optarem por trabalhar no privado. A solução, considera, passa por “dar melhores condições de trabalho aos médicos. E isso começa logo no respeito que as instituições que tutelam a saúde em Portugal têm que ter pelos médicos. Os médicos têm que sentir que são respeitados e isso é logo uma motivação extra para eles darem mais deles mesmos”.