Alunos do Forte da Casa desenvolvem projectos para Agência Espacial Europeia
Grupo de ciências da computação do 10º e 11º ano está envolvido em diversas candidaturas daquela entidade no desenvolvimento de pequenos satélites. Em Janeiro estiveram a conversar com o astronauta Thomas Pesquet.
Um grupo de alunos do 10º e 11º ano da Escola Secundária do Forte da Casa, no concelho de Vila Franca de Xira, desenvolveu este ano dois projectos para uma competição promovida pela Agência Espacial Europeia (ESA) e recentemente conseguiram que aquela entidade os deixasse colocar uma questão ao astronauta Thomas Pesquet, que está a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
Na sala onde desenvolvem os projectos o quadro está cheio de fórmulas matemáticas, gráficos e peças electrónicas. Percebe-se que algo se passa naquela sala porque, antes de entrar, o chão está coberto de pontos pretos, a destoar com o resto do pavimento. “É para os drones que temos poderem guiar-se sozinhos”, explica o professor, Vítor Fernandes, residente na Póvoa de Santa Iria.
É professor de ciências da computação e foi ele quem colocou uma das questões a Thomas Pesquet na sessão de contacto com a ISS, que se realizou no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa na última semana de Janeiro. Cerca de 200 alunos de nove escolas do país foram escolhidos para participarem na transmissão em directo mas apenas quatro puderam fazer uma pergunta, onde se incluiu o Forte da Casa.
O astronauta estava elevado a 400 quilómetros e viajava a 28 mil quilómetros por hora. “Foi uma experiência única porque não é todos os dias que falamos com um astronauta. Foi algo marcante não só para os professores como também para os alunos”, explica a O MIRANTE. O grupo do Forte da Casa quis saber como se promove um ambiente auto-sustentável a bordo da estação.
David Coutinho, 17 anos, de Vialonga, foi um dos que esteve presente no evento. “Foi muito interessante e algo a que não estamos habituados a ver no dia-a-dia. Deu para aprender muitas coisas novas sobre o espaço”, diz o jovem.
Dois satélites (muito) a sério
David Coutinho, Ivan Nunes e Alfredo Caneira são três dos nove jovens que estão a trabalhar em dois projectos distintos que vão ser analisados pela ESA. O CanSat (literalmente, “satélite numa lata”), consiste na criação de um satélite com sensores de pressão e temperatura, que é lançado de um avião e depois mede as informações recolhidas na descida. “Envolveu a criação de antenas, montagem de hardware e desenvolvimento de um pára-quedas. Os alunos fizeram a maioria do trabalho, o que me deixa muito satisfeito”, explica Vítor Fernandes.
Outro projecto em que o grupo está a trabalhar é no AstroPea, uma réplica de um equipamento que existe actualmente na própria ISS. “No fundo é um computador compacto com vários sensores, um de pressão, temperatura, magnetómetro, giroscópio e um acelerómetro. Com isto conseguimos monitorizar as condições ambientais, por exemplo, na sala de aula, ao longo do dia”, explica o professor.
Para que a réplica fosse o mais perfeita possível, a caixa exterior foi impressa em 3D. As equipas que em terra conseguirem criar um código que a ESA considere ser mais interessante terão oportunidade de executar o seu código no equipamento original que está na estação espacial. “Em vez de estarmos a ouvir os professores a debitar a matéria aqui podemos fazer as coisas nós próprios e lidar com os programas, preparar tudo. Esta experiência foi muito interessante”, elogia Ivan Nunes, também de Vialonga.
O colega, Alfredo Caneira, é da Póvoa de Santa Iria e diz que ambos os projectos foram desafiantes.