Marchas molhadas, marchas abençoadas
As marchas de Benavente, Salvaterra de Magos, Coruche e Carnide juntaram-se no sábado, 17 de Junho, para desfilarem do Largo do Calvário até à praça de táxis de Benavente, E nem a chuva as travou nem impediu que a noite fosse de folia.
Ninguém fazia prever, com os 39 graus que se fizeram sentir durante grande parte do dia, em Benavente, que à noite, quase à hora de começar o desfile das marchas populares, começasse a trovejar e a chover, mas foi isso que aconteceu. Enquanto se ultimavam pormenores, os membros das marchas já se vestiam, seguravam nos arcos e adereços e preparavam-se para desfilar, o céu era rasgado por relâmpagos e os trovões faziam-se ouvir. O descontentamento e preocupação eram partilhados por todos mas ninguém quis desistir. Afinal de contas, foram muitos meses a ensaiar e muito dinheiro envolvido na confecção dos fatos e não seriam umas pinguinhas a impedir a comemoração dos santos populares na vila.
“A logística para preparar esta noite tem sido muito difícil. É muito complicado gerir os tempos, a programação, cumprir horários, que é o essencial e que a população gosta”, explicou José Santos, presidente da comissão organizadora do Carnaval de Benavente, responsável também pela organização do primeiro desfile das marchas populares em Benavente. Foram convidadas as marchas da Universidade Sénior de Benavente, da Sociedade Filarmónica de Benavente, do Centro de Recuperação Infantil de Benavente, da Associação Encostatamim, de Coruche, a Marcha “Coração do Ribatejo”, de Salvaterra de Magos, a “Última Corrida Real”, também de Salvaterra de Magos, e a Marcha de Carnide de Lisboa.
“A música e a letra da marcha apresentada pela Sociedade Filarmónica de Benavente já foram feitas há uns seis ou sete anos pela Universidade Sénior. Eles cederam-nas e agora foram adaptadas para serem apresentadas pela Sociedade Filarmónica que está a desfilar pela primeira vez com uma marcha”, esclareceu José Santos.
Fatos ficam caros
Mais experiente é a marcha “Coração do Ribatejo” que já existe há sete anos. Teresa Freitas é a coreografa e contou, momentos antes de começar o desfile, que o grupo anda em ensaios desde Janeiro. “A música que vamos apresentar é uma adaptação de uma música lisboeta de Santo António, com a letra escrita por uma das nossas marchantes, Gabriela Rangel. Usamos sempre música de marchas conhecidas mas adaptamos a letra”.
Quanto aos fatos que usaram, custaram perto de quatro mil euros. “É muito dinheiro e tivemos de fazer muitos eventos para o conseguir. Fizemos o Festival das Sopas, vendemos rifas, temos uma barraquinha nas Festas do Foral com doces e café e temos algum apoio da Junta e da Câmara de Salvaterra. E é à conta de muito trabalho de patrocinadores, população e restaurantes da vila que também colaboram que conseguimos estar aqui hoje”, explicou Teresa Freitas.
Outra das marchas convidadas foi a da Associação Encostatamim, dirigida por Edalgisa Gameiro, que apoia os doentes oncológicos do concelho de Coruche. “Começámos a ensaiar em Abril, uma vez por semana. A nossa marcha já tem cinco anos, os fatos são sempre os mesmos, só fazemos algumas alterações de ano para ano. Não mudamos muito porque também não podemos gastar muito dinheiro, porque o nosso objectivo é ajudar os doentes oncológicos”.
Há cinco anos os fatos não chegaram a custar 200 euros e a confecção foi feita por várias costureiras e voluntárias que se ofereceram para ajudar. Quanto à música, que todos os anos é a mesma, foi composta pela banda Hangar 7, amiga da associação, e a coreografia é elaborada por Edalgisa e muda todos os anos, mas inclui sempre referências à missão da associação.