Uma jovem com espírito empreendedor que quer ajudar a mudar o mundo
Rita Narciso tem 24 anos e está prestes a lançar um negócio inovador na área das aplicações electrónicas. A O MIRANTE, a jovem natural de Alcoentre, Azambuja, contou como surgiu a ideia e como acredita que mais pessoas podem criar os seus negócios se perderem o medo de arriscar.
Há poucos meses, o espírito empreendedor de Rita Narciso concretizou-se no projecto WePark, que ganhou o Prémio Brisa Mobilidade no concurso Montepio Acredita Portugal 2017. Trata-se de um serviço personalizado para o estacionamento de veículos que funciona através de uma aplicação no telemóvel e que permite aos utilizadores reservar um motorista para estacionar e também devolver os seus carros nos grandes centros urbanos, o que poupa tempo à pessoa na tentativa de encontrar um lugar para estacionar e também a alivia do stress.
O projecto conta com o apoio da Brisa e a equipa da jovem de Alcoentre, Azambuja, está actualmente em reuniões para estabelecer parcerias com parques de estacionamento e outras empresas na área dos serviços automóveis que lhes permitam crescer e ganhar estabilidade no mercado.
Rita nasceu em Alcoentre, concelho de Azambuja, e desde muito nova começou a mostrar espírito criativo e de iniciativa. Fez o 1º ciclo na Escola Básica de Alcoentre, o 2º e o 3º na Escola Básica de Aveiras de Cima e o ensino secundário na Escola Secundária de Azambuja. Em Lisboa fez o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica na Universidade Nova de Lisboa. Antes de terminar o curso, em Novembro do ano passado, já estava a trabalhar na empresa Novabase.
“Acredito que há certas coisas que nascem connosco, mas também acredito que a formação que temos, tanto em casa como na escola, é fulcral para desenvolvermos este espírito”, esclareceu Rita, que confessa ter-se cruzado ao longo dos vários anos na escola com professores que a incentivaram. “Mudar o mundo não é uma utopia; por isso é que acredito que os pais e as escolas devem apoiar iniciativas neste sentido”.
Desde menina que a Rita Narciso mostrou ser empreendedora participando em muitas iniciativas na escola. Um dos projectos de que mais se orgulha foi um colectivo: um sabão feito pelos alunos da sua turma de Química através de cinzas das lareiras e óleo reciclado que na altura recebeu vários prémios. Também foi distinguida pela Universidade Nova de Lisboa na área do empreendedorismo no seguimento do projecto UVemotion, um sensor de radiação solar, que foi vencedor do concurso Nova Idea Competition 2014.
“Se não nos lançarmos à vida nunca conseguiremos vencer”
Que conselhos dá a um jovem empreendedor? Que não tenha medo de arriscar! A WePark foi o meu maior projecto até agora. No início dizíamos uns aos outros: “genial era conseguirmos falar com o presidente daquela empresa”. E achávamos que ia ser muito difícil mas depois conseguiamos! Se nunca nos lançarmos à vida nunca conseguimos vencer! Falar com esta ou aquela pessoa não é tão complicado como pensamos. É preciso é ter pensamento positivo.
Ao longo do percurso académico cruzou-se com muitos colegas empreendedores? O projecto que desenvolvi na faculdade foi com outros dois colegas que tiveram a ideia e vieram falar comigo e ainda nos juntámos a outro elemento da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.
Os jovens de hoje passam demasiado tempo ligados ao mundo virtual? Sim. Há muita gente que se fica pelos jogos de computador e se agarra à tecnologia e não a usa para inovar. Tem de se conjugar o melhor dos dois mundos.
Muitas startups e projectos inovadores que nascem em Portugal têm vida curta. Não teme que aconteça o mesmo ao seu projecto? O nosso maior problema, pelo menos agora de início, vai ser o dos recursos humanos. Vai ser necessário ter uma grande rede de motoristas, provavelmente fixos, e isso implica um grande gasto. Mas vemos um bom futuro para este negócio. Estamos a contar com quatro a cinco meses para desenvolver o projecto.
O negócio da WePark está pensado para a área de Lisboa. E no resto do país? Começamos por Lisboa e depois Porto. Mais tarde se resultar será a conquista de outras cidades europeias.
Não sente vontade de ficar a trabalhar mais perto de casa? Gosto muito da Azambuja e de Alcoentre, a minha terra, mas não é aqui que posso desenvolver a minha vida profissional com muita pena minha.
O que falta em Azambuja? O ambiente da cidade e todas as condições culturais que encontramos na capital. Em compensação temos uma boa uma gastronomia e não temos que andar no meio do trânsito da cidade.
Os jovens deviam participar e interessar-se mais pela política? Não foi assim há tantos anos que a política era algo que me passava completamente ao lado. Hoje não. É mesmo importante haver uma maior preocupação da parte dos jovens em participarem na vida colectiva. E essa aprendizagem e motivação devia começar na escola, o que não aconteceu comigo e com os meus professores.