Antigo restaurante na Palha Blanco transformado em museu etnográfico
Câmara e Misericórdia de Vila Franca de Xira assinam acordo para viabilizar projecto. Em causa está um espólio de que fazem parte, entre outros, pinturas, aguarelas, fotografias, esculturas, vestuário e mobiliário, todas dizendo respeito ao labor e actividade dos avieiros, agricultores, camponeses, moços forcados e campinos.
O espólio do antigo Museu Etnográfico da Assembleia Distrital de Lisboa (ADL) que estava acondicionado e longe do olhar público há três décadas, debaixo das arcadas da Praça de Toiros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, vai passar a ocupar o local onde até há uns meses funcionava o restaurante “O Redondel”.
O acordo a celebrar entre a Santa Casa da Misericórdia – dona da praça – e a câmara municipal para ocupação do espaço foi aprovado numa das últimas reuniões públicas do executivo. O município vai alugar o espaço do Redondel e realizar pequenas obras de melhoria e reparação bem como a criação de novas acessibilidades à praça de toiros para pessoas com mobilidade reduzida.
Em troca, a instituição coloca também ao dispor da câmara a praça de toiros para alguns eventos sócio-culturais ao longo do ano. “Depois de muitos anos de negociação foi finalmente possível chegar a um acordo com a Direcção-Geral do Património Cultural para avançarmos com um contrato de comodato para aquele acervo”, explicou o presidente do município, Alberto Mesquita (PS).
Em causa está um acervo de perto de mil peças que foram sendo guardadas desde 1972. Do espólio fazem parte, entre outros, pinturas, aguarelas, fotografias, esculturas, vestuário e mobiliário, todas dizendo respeito ao labor e actividade dos avieiros, agricultores, camponeses, moços de forcados e campinos. O acervo apresenta ainda uma colecção de trajes e costumes do concelho e da região, alusivos ao trabalho das gentes da borda d’água, ao trabalho do agricultor, do quotidiano do gado e da cultura tauromáquica. Nem todas as peças estão em boas condições de manutenção.
“Vamos primeiro perceber o que é necessário preservar e o que dificilmente poderá ser recuperado. Havia problemas de humidade no antigo espaço do museu e era necessário encontrar outro local, de preferência na praça, para defender aquele património e também dá-lo a conhecer a quem nos quisesse visitar. É um património que ficará disponível para todos”, assegurou o autarca.
A última inventariação do acervo foi feita há mais de cinco anos e muitas peças que foram classificadas como estando em estado “razoável” podem entretanto ter-se degradado, pelo que uma nova inventariação será feita. Do espólio constam também relógios, arcas, baldes, agrafadores, armários, pisa-papéis, brinquedos, tabuleiros, estatuetas, saladeiras, extensões eléctricas, cadeiras, cafeteiras e fotografias.