“É quase um milagre eu ainda estar aqui”
Victor Mendes feliz e emocionado na inauguração da exposição em seu nome. Foi com “os nervos à flor da pele” e com “um misto de alegria e tristeza” que o toureiro contou a O MIRANTE, na inauguração da exposição em seu nome em Vila Franca de Xira, que tem pena que aqueles que o inspiraram e já partiram não possam ter estado consigo naquela que foi “uma homenagem sentida, sincera” à sua vida e obra.
“Victor Mendes. Toureiro Universal”, a exposição que homenageia a vida e a obra do toureiro Victor Mendes, foi inaugurada no sábado, 24 de Junho, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira, entre muitos sorrisos e lágrimas, não estivessem, como o próprio homenageado disse, “as emoções à flor da pele” e não fosse Victor Mendes “o nome maior da tauromaquia em todo o mundo da festa brava”, nas palavras do presidente da câmara municipal, Alberto Mesquita.
Mostrando que dá tanto valor àqueles que continuam presentes como aos que já não podem estar, Victor Mendes começou por pedir um minuto de silêncio em memória dos maestros que conheceu e que já faleceram e também das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande. “Há alegria, mas também há tristeza porque deviam estar aqui connosco pessoas que infelizmente, pelas circunstâncias da morte e da vida, não estão, e que me vêm à memória porque foram muito importantes para mim e para aquilo que consegui”. Afirmando que se sente realizado e que “não há nada melhor do que ter um projecto de vida e ter a sorte, o talento, a capacidade, a fé e as circunstâncias de que as coisas me tenham corrido muito para além daquilo que eu pensava”, considerou a exposição em seu nome “uma homenagem sentida, sincera e ao mesmo tempo dependente da admiração e do factor humano e carinho que cultivei ao longo da minha carreira”.
“Victor Mendes é uma figura de imenso relevo, e algumas das virtudes desta arte de ser toureiro são o espelho da pessoa que ele é. Tem uma personalidade marcante, um carisma fortíssimo, uma empatia e simpatia genuínas que ajudaram imenso à concepção e produção desta exposição”, elogiou Alberto Mesquita. Victor Mendes agradeceu em lágrimas à equipa que o ajudou a montar a exposição. Do museu que tem em casa, onde guarda mais de 400 troféus dos 17 anos de carreira, “não foi tarefa fácil escolher os cento e poucos que estão aqui”, confessou Victor Mendes. A selecção foi determinada pela vontade de mostrar na exposição o percurso profissional cá dentro e lá fora, incluindo prémios ganhos em diversas competições em Espanha, França e em toda a América Latina.
Ferimentos em 33 partes do corpo, dos pés ao pescoço
“O enorme sucesso alcançado custou-lhe ferimentos em 33 partes do corpo, desde o pescoço ao pé esquerdo, algumas das quais mais que uma vez. Mas a sua determinação e coragem levaram-no a superar esta e outras dores que viveu ao longo da sua carreira e da sua vida”, contou Alberto Mesquita, ao que Victor Mendes acrescentou que “é quase um milagre eu ainda estar aqui”.
Foi ainda feita uma surpresa aos convidados com a actuação ao vivo de quatro elementos da Ópera de Madrid, do Projecto El Café de la Ópera. Estiveram também presentes outros toureiros de renome e muitas personalidades da vida local.