Queremos tudo e mais uma botas mas sem sermos nós a pagar
Em Portugal, país rico e cheio de ricos, achamos que temos direito a tudo e mais alguma coisa, desde que não sejamos nós a pagar. Esta mania nasceu no 25 de Abril com o famigerado slogan “os ricos que paguem a crise” e foi-se enraizando de tal maneira que não há meio de dar volta ao problema.
Com a última crise económica começámos a aprender que quem quer paga mas eis que chegou um governo mãos largas, embora não tão largas como nós queremos e neste nós incluo sindicatos de funcionários públicos e responsáveis do Bloco de Esquerda e do PCP, que começou a alimentar outra vez a doce ideia de que nunca teremos que pagar as nossas dívidas desde que o deficit do Orçamento de Estado seja só de alguns poucos milhões, o desemprego baixe à custa de engenharias legais e administrativas e a economia cresça umas décimas ou mesmo centésimas em relação a valores abaixo de cão.
Somos porcos e enchemos as cidades, estradas e florestas de lixo e depois dizemos que a culpa é dos serviços de limpeza que não andam atrás de nós para limparem o que sujamos. Entramos no gabinete do médico e já levamos uma lista de exames que ele tem que nos mandar fazer mas se nos cobram mais uns cêntimos pela taxa moderadora guinchamos de indignação. Queremos jardins bem regados e tratados para que o nosso cãozinho se sinta confortável a defecar. Deixamos as luzes todas acesas e tomamos banhos de meia hora e depois reclamamos da factura da luz e da água. Etc, etc, etc...por aí fora.
Aqui por minha casa sabemos o mínimo dos mínimos de contas para não caírmos na esparrela de gastar sem ter dinheiro para pagar (já basta a prestação do carro e da casa). O que nos espanta é que com tantas notícias que dizem que estamos cada vez melhores na Matemática, a maioria dos portugueses continue a pensar que pode ter tudo...e mais umas botas.
Fernando Castanheira