Estado demorou sete anos a autorizar parque de estacionamento na Póvoa de Santa Iria
Direcção-Geral do Património Cultural estava preocupada com a proximidade da Quinta da Piedade. Câmara de Vila Franca de Xira concluiu um projecto de intervenção para a zona que permitia avançar com a construção do parque de estacionamento mas, por existir um monumento classificado nas proximidades, os trabalhos não puderam avançar sem que a DGPC desse primeiro um parecer favorável.
A Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) demorou sete anos a autorizar o arranque das obras de um muito necessário parque de estacionamento perto da Associação Popular de Apoio à Criança, perto da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.
A informação foi avançada na passada semana em reunião pública do executivo camarário pelo presidente do município, Alberto Mesquita (PS), que não escondeu o seu desapontamento pelo arrastar do processo. “Só ao fim de sete anos é que conseguimos que viesse um parecer favorável para o parque de estacionamento. Foi um processo absolutamente extraordinário”, confessou.
A falta de lugares de estacionamento na zona é uma carência há muito sentida e desde 2007 que se fala de começar a trabalhar no local. A câmara concluiu um projecto de intervenção para a zona que permitia avançar com a construção do parque de estacionamento mas, por existir um imóvel classificado nas proximidades, os trabalhos não puderam avançar sem que a DGPC desse primeiro um parecer favorável.
Intervenção na Lapa do Senhor Morto há cinco anos à espera de parecer
A mesma entidade está há mais de cinco anos também para emitir um parecer sobre um projecto de intervenção do município para recuperar a Lapa do Senhor Morto e o Oratório de São Jerónimo, na Quinta da Piedade, dois dos mais importantes elementos patrimoniais da freguesia, que estão em muito mau estado de conservação e remontam à época quinhentista.
“Da nossa parte há vontade e disponibilidade financeira para avançarmos com os trabalhos mas não o podemos fazer sem um parecer da DGPC. Estão marcadas novas reuniões com essa entidade no terreno para não opinarem sobre um património que não conhecem”, lamentou Fernando Paulo Ferreira, vice-presidente do executivo.
A recuperação desse património é uma novela que se arrasta há anos, com vários episódios de avanços e recuos mas sempre com um final igual: tudo na mesma. Com a diferença de os anos irem passando e de os espaços ficarem cada vez mais degradados.
A lapa e o oratório estão situados dentro da Quinta Municipal da Piedade, um espaço gerido pela câmara. O oratório, edificado entre 1530 e 1540 para que o solitário camareiro-mor realizasse as suas preces, chegou a ser usado em algumas ocasiões por um sem-abrigo. Há 34 anos os azulejos do interior da nave foram furtados e em 1996 foi roubada uma pedra em forma de concha que sobrepujava o brasão do pórtico. A lapa do Senhor Morto foi retirada há vários anos para sofrer um restauro e não voltou a ser colocada.