Muitas lágrimas e emoção no adeus a Susana, Joana e Margarida Pinhal
O velório da mãe e duas filhas, que moravam na Póvoa de Santa Iria e morreram no incêndio de Pedrógão Grande, foi no pavilhão da Escola D. Martinho Vaz de Castelo Branco e o funeral decorreu na manhã de sábado. Uma multdião juntou-se às cerimónias fúnebres.
Centenas de pessoas reuniram-se na tarde de sexta-feira, 23 de Junho, e na manhã de sábado, 24, para o velório e o funeral de Susana Pinhal e das filhas, Joana, de 15 anos, e Margarida, de 12, três das vítimas do incêndio que no dia 17 de Junho deflagrou em Pedrógão Grande e matou 64 pessoas e feriu 254.
O velório realizou-se no pavilhão da Escola D. Martinho Vaz de Castelo Branco, onde Joana estudava no 9º ano e Margarida no 7º. Nuno Caroça, presidente da Assembleia de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, explicou que a decisão de realizar ali o velório se deveu ao facto “de não termos outro espaço tão grande disponível para algo assim”. A dimensão do pavilhão permitiu que familiares, amigos, colegas de escola e de trabalho e conhecidos de Susana, Joana e Margarida se pudessem reunir para lhes prestar uma última homenagem. Também estiveram presentes as entidades locais que apresentaram os pêsames a Mário Pinhal, o marido e pai das vítimas, que sobreviveu à tragédia.
Colegas unidos na despedida
Durante o velório e funeral, a professora Maria da Luz Mocho, directora de turma de Joana, foi a âncora dos seus alunos e colegas da jovem. Soube da notícia do falecimento através de um telefonema da directora da escola no domingo à tarde e supôs de imediato o pior. Ao receber a confirmação, enviou um email geral para os alunos da turma para que eles soubessem o que tinha acontecido.
Na altura, já a maioria ouvira rumores e ao tentarem contactar Joana, sem efeito, começaram a perceber o que se passara. O email de Maria da Luz foi a confirmação das más notícias e começaram a chover telefonemas: “Perguntavam-me se era mesmo verdade, se não poderia haver algum engano. Tive de lhes dizer que não. Isto foi mesmo um murro no estômago muito forte para eles. Eles nestas idades acham que nada lhes pode acontecer, que não podem morrer. E estas duas meninas não mereciam o que aconteceu”.
A professora não conheceu tão bem Margarida mas só tem palavras de bem a dizer de Joana: “Era o género de aluna que todos os professores querem ter, aplicada, no Quadro de Excelência, só tirava quatros e cincos… foi uma tragédia isto que lhes aconteceu, uma coisa completamente antinatura”. Os colegas de turma de Joana concordam com as opiniões expressadas pela professora e para homenagearem a colega e amiga decidiram trazer cada um uma rosa branca para o velório. “A nossa escola pode não ter os melhores rankings em certos aspectos, mas se há coisa em que somos bons é no espírito que há entre nós. As turmas são muito unidas. Eu este ano só fiz parte da turma da Joana durante as primeiras semanas, depois troquei para outra, mas nos intervalos continuava a vir ter com eles, e fiz ginástica com ela na Euterpe”, contou Mariana, uma das amigas presentes.
Também o professor João Mariano, director de turma de Margarida, fez questão de estar ao lado dos colegas dela durante as despedidas. “A Margarida era uma aluna muito responsável, era a delegada de turma e toda a gente gostava dela. Pelos contactos que fui tendo com os encarregados de educação, percebi que era uma menina com uma boa autodisciplina e concentração, e provavelmente não teria dificuldade em chegar onde quisesse chegar, quer no desporto quer noutras ambições de vida”.
Euterpe Alhandrense lançou balões brancos
A Sociedade Euterpe Alhandrense também fez questão de homenagear as duas atletas que perdeu com um lançamento de balões brancos à porta do pavilhão gimnodesportivo da escola, naquele que foi um dos momentos mais intensos das cerimónias de despedida. Na manhã seguinte, as urnas foram levadas do pavilhão da escola para a Igreja da Nossa Senhora da Paz, na Póvoa de Santa Iria, onde se celebrou a missa e de onde partiu o cortejo até ao cemitério da Póvoa, onde a mãe e as duas filhas acabaram por ser cremadas.