Relógio da Câmara de Benavente continua a perturbar o sono de hóspedes de hotel
Clientes queixam-se das badaladas, de quarto em quarto de hora, durante a madrugada.
Não se pode agradar a todos. O ditado é certeiro e aplica-se ao sino do relógio existente na torre da Câmara de Benavente, cujas badaladas a cada quarto de hora mantêm a população a par das horas. Os moradores já estão habituados mas vários hóspedes do Benavente Vila Hotel, que fica nas proximidades, têm manifestado o seu descontentamento quanto ao ruído que se prolonga pela noite dentro, queixando-se através de emails enviados para o presidente do município, Carlos Coutinho (CDU). Apesar disso, o autarca não está muito inclinado a alterar a situação, como referiu durante a última reunião do executivo camarário.
“O relógio é visto pela população daqui como uma companhia. Já anteriormente esta questão se colocou e na altura foi desenvolvido um processo que resultou na auscultação da esmagadora maioria da população de cá, que quase por unanimidade referiu que não fazia sentido o relógio ser posto em causa porque faz parte da tradição, faz companhia. E se toda a gente se sente bem, por que é que se havia de pôr em causa?”, afirmou Carlos Coutinho.
No entanto, o presidente está ciente da legislação que restringe o ruído a partir das 23h00 em áreas urbanas. Quanto a isso, concede que “a situação deverá ser analisada de forma a que se alcance um compromisso que respeite a lei e também todas as partes, tanto a população de cá como os hóspedes dos hotéis, uma solução que respeite toda a gente”.
Carlos Coutinho compreende também que “quem está habituado a dormir com este ruído não tem problemas, já se habituou, mas para quem venha só uma ou duas noites vai estranhar e vai passar uma má noite”.
O hotel fica apenas a alguns metros do edifício da câmara municipal e a situação tem sido objecto de diversas reclamações, verbais e por escrito, dirigidas à gerência da unidade, “sempre em relação ao barulho do relógio e nunca às condições do hotel”, diz Andreia Sousa, directora de alojamento e marketing do hotel. “Os hóspedes dizem-nos várias vezes que estão satisfeitos com o serviço do hotel e que o único problema é com o relógio. Até já entrámos em contacto com a câmara para os avisarmos e temos também avisado os hóspedes para o facto de o relógio não ser desligado durante a noite”, acrescentou a mesma responsável.
Queixas já são recorrentes
O assunto já foi notícia por diversas vezes nas páginas de O MIRANTE. Em Janeiro de 2012, o então presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão (CDU), afirmou que ia pedir uma avaliação acústica ao sino. O autarca ainda tentou ver se era possível diminuir o volume das badaladas durante a noite, mas teria de adquirir um novo relógio, o que ficou fora de questão tendo em conta as dificuldades económicas da autarquia.
Na altura, uma técnica do laboratório de ruído da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) revelava que apesar de não ter ainda qualquer medição do sino de Benavente, pela sua experiência o volume emitido pelos sinos violava normalmente a lei.
Segundo o Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro que aprova o Regulamento Geral do Ruído, o período de silêncio nocturno estipulado é entre as 23h00 e as 7h00.