Ginastas da Euterpe Alhandrense pedem donativos para poderem ir ao Campeonato da Europa
Federação de Ginástica de Portugal avisou o clube que não poderia apoiar financeiramente os atletas. Clube queixa-se de discriminação.
Os pais e amigos do par sénior de ginástica acrobática da Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA) que, pela primeira vez na história do clube, foi apurado para representar Portugal no Campeonato da Europa que se realiza em Outubro na Polónia, estão a pedir donativos a empresas e moradores de Alhandra para custear a viagem. Tudo porque a Federação de Ginástica de Portugal optou por apenas financiar um dos dois pares nacionais que vão a esse campeonato representar o país - no caso, dois atletas do Ginásio Clube Português, de Lisboa.
A falta de apoio ao par sénior Bruno Tavares e Beatriz Ferreira está a motivar críticas à federação. Em causa estão mais de dois mil euros por atleta, dinheiro que os pais estão a tentar angariar junto da comunidade.
“A federação apenas apoia o outro clube, é como se a selecção nacional fosse constituída por duas classes, a classe A e a classe B. Estamos a ser discriminados e isso não faz qualquer sentido. Se nenhum par fosse financiado tudo bem, agora a questão é que uns são e outros não, não faz sentido. Ditava o bom senso que havendo quatro atletas a verba existente fosse dividida pelos quatro”, criticam António Tavares e Sandra Félix, da comissão de pais.
Também o presidente da SEA, Jorge Zacarias, mostra a sua revolta pela situação e garante que, no limite, irá até à Secretaria de Estado da Juventude e Desporto pedir explicações. “Disseram-nos que não há dinheiro para apoiar os nossos atletas seniores. Vamos questionar o Instituto Português do Desporto e Juventude, que tutela as federações e o seu financiamento, indo até à Secretaria de Estado se necessário. Iremos até às últimas consequências porque alguém terá de nos explicar esta dualidade de critérios. Não pode haver o Ginásio Clube Português e os outros clubes. Se só querem um clube a representar Portugal que o digam”, lamenta.
A Euterpe investiu, nos últimos cinco anos, 20 mil euros numa sala de treino e tem apostado forte na ginástica acrobática, sendo uma referência na região e já tendo somado prémios importantes.
“Temos de perceber se há seriedade de quem dirige a federação ou não. Já pedimos uma reunião com o seu presidente e continuamos a aguardar resposta. Temos de perceber urgentemente se vale a pena continuar com a ginástica. Estamos disponíveis para parar o projecto, porque se é para andarmos a brincar como andámos este ano não vale a pena, nem para os pais nem para a Euterpe, investir nos atletas para depois sermos todos enganados”, critica.
A O MIRANTE a federação responde de forma telegráfica justificando apenas que “a não possibilidade de assunção dos custos de participação do par misto da SEA” no Campeonato da Europa “tem que ver com a não existência de recursos financeiros para tal”. Acrescenta que a alternativa teria sido “simplesmente não considerar o apuramento do par misto” do clube de Alhandra. Diz ainda a federação que o clube “foi mantido a par desta situação durante o processo de selecção” dos atletas.
Atletas focados em prestação ao mais alto nível
Bruno Tavares e Beatriz Ferreira são os dois atletas da SEA que se juntam a outros dois do Ginásio Clube Português (Lisboa) que integram a comitiva sénior portuguesa na Polónia. Um momento que as treinadoras Cátia Messias e Alda Silva destacam como “muito importante” quer para a modalidade quer para o clube do concelho de Vila Franca de Xira. “É o culminar de um trabalho de equipa, persistência, gosto pela modalidade e uma união muito grande entre os atletas e os pais”, explica Cátia Messias a O MIRANTE.
Além do par misto sénior, foram também apurados pela SEA para o Campeonato da Europa o par masculino juvenil Dinis Cardoso/Bruno Asseiceiro e o grupo feminino júnior 12-18 Raquel Casqueiro/Bárbara Félix/Ana Álvaro.
“A expectativa é trabalhar para que façam o melhor que consigam, chegar lá e fazer esquemas limpos e bons exercícios. Termos sido apurados já foi uma vitória mas vamos trabalhar para termos uma prestação ao mais alto nível que permita aos atletas saírem de lá orgulhosos e nós também”, explica a treinadora.
Nos últimos cinco anos a Euterpe tem sempre estado presente nos campeonatos da Europa e do Mundo da modalidade, embora apenas nos escalões de formação.