Bombeiros de Salvaterra de Magos recusam apagar fogo por causa de pagamento de horas
Grupo protestava de engano na tabela de horas a pagar e só saíram ameaçados com processo disciplinar
Um grupo de bombeiros dos Voluntários de Salvaterra de Magos recusou-se a sair para um incêndio na quarta-feira, 9 de Agosto, por causa de divergências com o pagamento de horas de poucos euros. Em causa estava um lapso na tabela de pagamentos que o comando mandou para a direcção da corporação. Os bombeiros que tinham sido convocados para combater o incêndio, depois de a corporação ter sido accionada pelo Comando Distrital de Operações de Socorro, só entraram na viatura e saíram para o fogo quando foram avisados que seriam alvo de um processo disciplinar se não acatassem as ordens.
A situação é confirmada a O MIRANTE pelo comandante da corporação, Paulo Dionísio. A corporação tem tido dificuldade em arranjar elementos para as equipas de combate a incêndios e recorre a algumas vezes a pessoal do serviço de ambulâncias, alguns dos quais funcionários do corpo de bombeiros. O comandante confirma que os bombeiros em causa reclamavam não terem recebido ainda o subsídio para fazerem parte das equipas de combate a incêndios e apesar de aceitarem sair para evitarem problemas disciplinares, fizeram-no sob forte protesto.
Segundo o que O MIRANTE conseguiu apurar alguns bombeiros da corporação têm recusado fazer parte destas equipas de combate a incêndios fora do horário normal de trabalho, apesar de serem voluntários. Uma situação que levou o comandante a retirar elementos que estão a fazer serviço pré-hospitalar e colocá-los a apagar fogos, dispensando-os de picarem o ponto como habitualmente, por serem obrigados a deslocarem-se para fora do concelho.
“É daqui que surgiu o problema”, admitiu a O MIRANTE o presidente dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, João Silva, referindo que quando o comandante elaborou a tabela mensal que discrimina o tempo que cada elemento fez no horário de trabalho, não contabilizou correctamente as horas destes funcionários da casa. Entretanto, a direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Salvaterra de Magos ficou a saber e decidiu não fazer o pagamento até que fosse feita uma nova tabela detalhada.
A direcção da corporação pagou os montantes que estavam em falta no mesmo dia em que houve esta espécie de rebelião dos bombeiros, após ter sido rectificada a tabela de pagamentos.
Voluntários recebem para apagar fogos
Recorde-se que as corporações de bombeiros dispõem de profissionais assalariados, que normalmente fazem serviços de ambulância e de central de comunicações. Muitas corporações têm também equipas fixas, a quem pagam ordenado mensal, para assegurarem o socorro durante o dia. Na época de incêndios, os voluntários e/ou profissionais escalados para as equipas de combate ganham 45 euros por cada 24 horas de serviço, quer estejam no quartel ou em incêndios.