A defesa do Serviço Nacional de Saúde e a defesa das carreiras
O MIRANTE aproveitou uma frase slogan dos enfermeiros para se referir à recente greve. “Somos nós que cuidamos dos doentes mas quem cuida de nós?”. Percebo as reivindicações da classe mas não compreendo o slogan para além do aspecto poético/sentimental. Quando estão doentes há duas formas dos enfermeiros terem apoio médico ou de enfermagem.
Os que pertencem à Função Pública podem optar pelo Serviço Nacional de Saúde ou, uma vez que têm uma espécie de seguro de saúde chamado ADSE, para o qual pagam. Os que têm contratos individuais de saúde em funções públicas e por isso trabalham mais horas e não têm ADSE nem outras regalias, só podem optar pelo Serviço Nacional de Saúde.
Estes últimos podem perceber melhor a situação de pessoas como eu que estão no sector privado com ordenados da treta e sem regalias nem carreiras mas tanto eles como os outros quando fazem greve não estão a fazê-la por causa dos doentes mas por causa de si próprios. Das suas regalias. E não fazem greve quando querem. Fazem greve quando dá jeito aos militantes dos partidos que estão à frente dos seus sindicatos. Dir-me-ão alguns que a minha posição é de divisão dos trabalhadores ou da classe operária ou lá o que é. Direi eu que a classe operária já estava dividida antes de eu chegar ao mercado de trabalho. Tenho culpa de não ter escolhido ou não ter tido possibilidade de escolher o lado bom mas não tenho culpa de mais nada.
Abílio Sales Mendes