Paulo Fonseca continua por todo o lado e candidata substituta passa despercebida
Histórico socialista José Alho é uma espécie de relações públicas para dar a conhecer Cília Seixo
O presidente da Câmara de Ourém foi impedido pelos tribunais de se candidatar, por estar insolvente, mas a sua imagem continua nos placares espalhados pela cidade e freguesias nos panfletos distribuídos à população. Na informação o autarca aparece em primeiro lugar com explicações sobre o facto de ter sido recusado e só depois vem a segunda da lista Cília Seixo.
Paulo Fonseca aparece em algumas acções de campanha mas não esteve na manhã de quinta-feira, 21 de Setembro, na visita ao mercado semanal de Ourém. Cília Seixo participou nesta iniciativa de contacto directo com os eleitores. De t-shirt, à semelhança dos restantes elementos que a acompanham, a candidata passou algumas vezes despercebida e, algumas pessoas, nem a conheciam como candidata. O cabeça-de-lista socialista à Assembleia Municipal de Ourém, José Alho, fazia as despesas tentando capitalizar o facto de ser conhecido como ex-vice do executivo. Cília Seixo ainda é eleita na assembleia municipal mas nem isso ajuda.
José Alho é uma espécie de cicerone e relações públicas repetindo várias vezes a quem encontra pelo caminho: “É a candidata do PS à Câmara de Ourém”. Os socialistas encontraram um grupo de idosos à conversa à entrada do interior do Mercado Municipal da cidade. Ofereceram-lhes panfletos da campanha eleitoral e deram-se a conhecer. Alguns populares demonstram estar mais informados que outros. “A nova candidata do PS teve que substituir o Paulo Fonseca porque o tribunal não o deixou recandidatar-se à câmara. O José Alho é que devia ser o candidato a presidente da câmara”, diz um dos eleitores enquanto guarda o panfleto no bolso.
José Alho comanda a comitiva e destaca-se dos restantes por não envergar a tradicional t-shirt branca com o símbolo do PS, optando pelo tradicional casaco e camisa branca. Com os panfletos na mão vai cumprimentando as pessoas que conhece e apresenta-se a quem não conhece. Nunca abandona a sua candidata a presidente e chama-a sempre para apresentá-la ao eleitorado. “O concelho está muito morto, não há investimento e as pessoas viram-se obrigadas a emigrar porque não há emprego no concelho de Ourém. Por isso é que somos dos concelhos com maior número de emigrantes no distrito de Santarém. É preciso que façam alguma coisa por nós”, afirma José Simões, reformado, a O MIRANTE.
A importância de revitalizar e trazer os clientes ao mercado semanal de Ourém
O mercado semanal de Ourém é uma referência no concelho e os mais velhos guardam na memória os tempos em que as pessoas se acotovelavam tal era o movimento dos clientes para comprar. Hoje em dia lamentam o facto de haver menos vendedores e cada vez menos compradores. “Há 40 anos as pessoas levantavam-se de madrugada para virem às compras ao mercado de Ourém às quintas-feiras. Tínhamos que vir bem cedo porque se chegássemos mais tarde já não conseguíamos comprar nada de jeito. Isto é uma sombra do que era”, lamenta Samuel Piedade, de 80 anos, que todas as semanas gosta de passear no local onde passou grande parte da sua juventude.
Manuel Nunes, visitante habitual do mercado, pede que os autarcas que andam todos ocupados com a campanha eleitoral que pensem em revitalizar aquele que é um espaço de referência do concelho. “Quem ganhar as eleições tem de pensar nos interesses das pessoas e naquilo que é realmente importante para o concelho. A cidade de Ourém está morta e as pessoas saíram do concelho. Nas freguesias há cada vez menos jovens e quando os mais idosos morrerem o que vai acontecer?
Vendedor no mercado há duas décadas, António Ferreira lamenta que se tenha deixado morrer um dos espaços com mais vida em Ourém. “Antigamente vendia o triplo do que vendo hoje. As pessoas compram tudo nas grandes superfícies e preferem as lojas de chineses, afirmou.