A campeã de atletismo de Torres Novas que se atirou ao rio para salvar uma vida
Nádia Carvalho, de 16 anos, atirou-se ao Almonda e é agora a heroína de Torres Novas
Nádia Carvalho, a jovem que salvou uma idosa de morrer afogada no rio Almonda, em Torres Novas, diz sem modéstias que se sente uma heroína por ter conseguido evitar uma tragédia. A atleta, de 16 anos de idade, do Núcleo de Torres Novas do Sporting Cube de Portugal, que foi homenageada na terça-feira pela câmara, dois dias depois do salvamento, que ocorreu no domingo, 5 de Novembro, confessa que inicialmente entrou em pânico quando viu a senhora dentro de água, mas depois teve um impulso imediato de se atirar à água, que às sete da manhã, estava gelada.
A jovem conta que andava a treinar e ouviu um som de algo a cair dentro de água. Foi a correr com os colegas e deparou-se com a senhora dentro do rio de barriga para baixo. “Tentámos encontrar um sítio para conseguir entrar no rio mas não conseguimos. Fui então para a ponte e mandei-me para dentro de água”, conta, nervosa. Nádia tinha pé mas com água quase até ao pescoço. “Consegui virar a senhora e aguentá-la. Foram 20 minutos até chegar um polícia que também se atirou para me ajudar. Naquela altura não pensei em nada e estava apavorada, nem sei como tive coragem, foi automático”, lembra.
Nádia Carvalho é atleta desde os nove anos de idade. É campeã nacional de dois mil metros obstáculos no seu escalão (juvenil) e são vários os clubes nacionais que andam de olho na jovem promessa do atletismo. Estuda no 9º ano, na Escola Secundária Maria Lamas, em Torres Novas, e no futuro gostava de ser polícia como o seu pai porque gosta de “ajudar e resolver situações”. Mas o maior sonho de Nádia é ser atleta profissional. Na escola todos viram as notícias e lhe deram os parabéns. “Até na rua vêm ter comigo para me dar os parabéns e eu agradeço”, conta a jovem divertida.
A senhora, de 70 anos de idade, foi transportada para o Hospital de Abrantes, onde esteve internada. Na terça-feira já se encontrava a receber acompanhamento psiquiátrico no Hospital de Tomar.
Atraso de dois atletas permitiram salvamento
Se dois atletas colegas de Nádia Carvalho não se tivessem atrasado muito provavelmente a jovem não estava no local quando a senhora, que ficou viúva recentemente, caiu ao rio. “O salvamento acaba por se dar por causa do atraso de dois atletas”. Quem o diz é Raul Santos, director da secção de atletismo do núcleo de Torres Novas do Sporting Cube de Portugal. O dirigente não perdoa atrasos, “nem que sejam de 5 minutos”, e já estava a ligar para um dos atletas quando tudo começou. “Naquele dia é caso para dizer que ainda bem que se atrasaram”, confessa a O MIRANTE. “A Nádia teve uma atitude irreflectida mas determinada. Não mediu os perigos porque se o rio tivesse mais caudal a corrente era muito forte, o que poderia trazer bastantes problemas”, diz o dirigente.
Acto heroico faz avançar pista de atletismo
O presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, e restante executivo homenagearam a atleta na terça-feria, 7 de Novembro, depois da reunião de câmara. Na sala só estavam, a atleta, o treinador, o director, o executivo e três jornalistas porque a autarquia não publicitou a iniciativa. Pedro Ferreira agradeceu em nome de todos os torrejanos o “acto de coragem que nunca mais vai ser esquecido “. Fez referência à juventude da atleta e afirmou que se “deve sentir orgulhosa pelo exemplo que deu e por ser uma campeã”. O autarca fez ainda uma promessa: “A nova pista de atletismo vai ser uma realidade”.