Guardas postos na rua para não incomodarem cão de ministro
Protecção à casa de Eduardo Cabrita é uma dor de cabeça para a GNR de Santarém
Os militares do destacamento de Santarém da GNR, que fazem segurança à casa do novo ministro da Administração Interna, foram postos na rua, ao portão da quinta onde vive Eduardo Cabrita, no concelho de Santarém, para não incomodarem o cão do governante. O animal, ao sentir a presença dos militares, costumava ladrar, o que incomodava o ministro que há cerca de três semanas substituiu Constança Urbano de Sousa. Mas este é apenas um pormenor de uma questão mais complexa que passa pela segurança dos próprios guardas. Situação acompanhada pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG), que confirmou o caso a O MIRANTE.
Os militares passam 24 horas por dia ao portão da propriedade, em Casal da Charneca, numa zona afastada do centro da localidade, quase isolada. Com a agravante de na maior parte do tempo permanecer no local apenas um elemento. Situação que contraria os procedimentos da Guarda em termos de protecção dos seus elementos, os quais determinam que as patrulhas sejam sempre constituídas por dois militares. A situação deve-se à falta de meios no destacamento de Santarém, que agora vê a sua capacidade operacional mais diminuída. Só durante a noite, geralmente a partir das 00h00 e até às 8h00, é que estão dois elementos que têm como único refúgio uma viatura.
Quando a Guarda passou a ter de fazer a segurança à residência, na freguesia de Almoster, os militares ainda chegaram a usar a casa-de-banho de um anexo junto à piscina do ministro. Mas agora têm de se deslocar à colectividade mais próxima. Os guardas também não têm condições para fazerem as refeições, almoçando e jantando sandes dentro da viatura, com a agravante de terem de levar a comida de casa. Isto porque os turnos foram reduzidos para seis horas seguidas, horário durante o qual a GNR não tem de fornecer alimentação porque só está obrigada a fazê-lo para períodos de trabalho de oito horas.
A protecção à residência do ministro, marido de outra ministra deste Governo, Ana Paula Vitorino, que dirige o Ministério do Mar, tem-se revelado uma dor de cabeça para a GNR na gestão dos meios. A GNR começou a assegurar o serviço no dia 27 de Outubro, cerca de uma semana após a tomada de posse de Eduardo Cabrita. Desde essa altura, devido ao facto de ser necessário transportar os militares que vão render os colegas nos turnos, já houve uma situação em que o posto de Almeirim ficou sem piquete de serviço às ocorrências e emergências durante cerca de uma hora.
A APG refere que já houve militares a fazerem trabalho voluntário, fora do horário de serviço, sem receberem pelas horas, só para não complicarem a actividade operacional dos postos mais desfalcados de meios. Neste momento, têm sido mobilizados guardas de vários postos como Santarém, Cartaxo, Almeirim, Alpiarça e Rio Maior. Apesar de este serviço poder ser feito por empresas de segurança privada, atendendo a que a segurança da residência se resume, praticamente, a manter alguém junto ao portão.