A melhor prenda de Natal do Martim foi uma cadeira de rodas
O MIRANTE e um parceiro concretizam sonho de criança da Póvoa de Santa Iria com paralisia cerebral
Há muito que Martim Pereira sonhava com uma cadeira de rodas que lhe desse mais conforto e que fosse adaptada à sua doença. O desejo foi concretizado graças a um leitor e parceiro de O MIRANTE, que tinha ficado sensibilizado com a notícia da criança de nove anos da Póvoa de Santa Iria. O benemérito quer ficar no anonimato e a prenda foi entregue pela directora executiva de
O MIRANTE, Joana Emídio, na sexta-feira, 22 de Dezembro, graças aos esforços do fornecedor e da empresa multinacional que fabrica estes equipamentos.
A cedeira, adaptada à situação de Martim, que sofre de paralisia cerebral, foi feita em tempo recorde pela marca Invacare, numa altura em que as fábricas estão com uma actividade reduzida devido à época natalícia. O fabricante teve de respeitar várias indicações técnicas. A cadeira, da marca Invacare, foi feita com vários componentes da marca construídos em outros países. O fornecedor, a OrtoRibatejana, em Santarém, também fez tudo para que fosse possível entregar a cadeira de rodas antes do Natal.
Quando Joana Emídio entrou com a cadeira de rodas na casa de Martim, uma modesta habitação onde este vive com a mãe de 29 anos e o tio de 18 anos, a criança não cabia de contentamento. A primeira coisa que quis fazer foi sentar-se na cadeira e começar a experimentar todas as potencialidades desta, muito mais avançada que o velho equipamento que tinha. Desde que nasceu que Martim vive com a mãe, já que esta não se relaciona com o pai do menino. Marisa Pereira é caixa num supermercado e o garante do sustento do Martim e do seu irmão e tio da criança, que tem 18 anos, e que a ajuda a levar e a ir buscar o menino à escola.
Marisa não gosta de falar muito do passado, dos problemas financeiros que a mãe lhe causou, dos desentendimentos com o pai da criança, mantendo um ar triste de quem se conformou com a vida. Devido aos problemas financeiros, a ter o ordenado penhorado e por via disso impossibilitada de receber mais que o ordenado mínimo, a Segurança Social não a apoiava na aquisição do equipamento. Chegou a ser lançada uma campanha de solidariedade para se angariarem os 2500 euros necessários para a cadeira. Mas o bom coração do parceiro de O MIRANTE concretizou a maior alegria a esta família, quando ainda só tinham conseguido dez por cento do valor necessário.
Ao longo dos nove anos de vida, o único apoio que Martim teve foi a antiga cadeira de rodas, doada pelo Centro de Paralisia Cerebral do Lumiar, em Lisboa, que já era pequena para o menino. A mãe encontra-se em conversações com a União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa e já garantiu um apoio escolar. Agora falta o transporte escolar. Marisa já pediu apoio à câmara para que seja possível transportar o filho numa viatura própria para a escola Norte da Póvoa.
No quarto ano de escolaridade, Martim mostra-se um rapaz alegre e muito curioso com o mundo que o rodeia. A adaptação à escola não foi fácil, devido às suas limitações físicas, mas neste momento já se dá bem com os colegas, e tem boas notas. Considerado pelos professores como um bom aluno, tem como disciplina favorita Estudo do Meio e a profissão de sonho é ser professor.
A mãe aproveita para passear com o Martim sempre que consegue ter tempo. “Quando tenho folgas, tenho de aproveitar essencialmente para tratar das tarefas domésticas e isso encurta o tempo para passear com ele”, explica Marisa Pereira. Martim nasceu prematuro na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, com 600 gramas de peso. Quando este fez um ano é que a mãe se apercebeu que alguma coisa não estava bem, tendo-lhe sido diagnosticada paralisia cerebral.