Igreja megalómana de Povos continua por concluir passados dez anos
Ainda são precisos cerca de 300 mil euros para acabar a obra. Projecto urbanístico para o local nunca avançou e poderia dar resposta às complicações de trânsito da Rua Direita de Povos.
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Povos, em Vila Franca de Xira, recebeu há dez anos a primeira pedra e passado este tempo ainda está por concluir. O edifício não passou do esqueleto. Considerada “megalómana” pela grande maioria das pessoas do bairro com quem O MIRANTE conversou, a igreja começou a ser construída em Outubro de 2008 com um custo estimado de meio milhão de euros. Esta semana ficou a saber-se, pelo presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, que ainda faltam perto de 300 mil euros para acabar os trabalhos. E sem conclusão à vista.
Os responsáveis da paróquia de Vila Franca de Xira têm recusado falar sobre o assunto. “Espero que a igreja se construa rapidamente, mas sabemos que ainda faltam perto de 300 mil euros para poder ficar concluída”, lamentou Alberto Mesquita, presidente do município. O assunto veio a lume a propósito da requalificação do eixo Quinta da Grinja-Povos, um trabalho financiado por fundos comunitários que vai intervir no espaço público daquele bairro, orçado em 3 milhões e 350 mil euros.
Um dos focos dessa intervenção é precisamente a chamada Rua Direita de Povos, estreita demais para os dois sentidos de trânsito e onde se encontra a futura igreja de Povos. “Havia um projecto urbanístico planeado para aquele local, os promotores recentemente falaram connosco e se avançasse poderia ser o factor de circulação daquela zona”, explica Mesquita. O problema, nota, é que nem a igreja se concluiu nem o loteamento avançou. Também o projecto de transformação da antiga fábrica de curtumes num hotel para séniores ficou em banho-maria.
A primeira pedra da igreja foi colocada em Outubro de 2008 e um ano depois a obra parou devido à descoberta de ossadas humanas enterradas no local, onde em tempos existiu um cemitério. Os trabalhos foram retomados, mas pararam pouco depois devido a problemas financeiros. Os fiéis de Povos dirigem-se à Igreja situada no Alto do Senhor da Boa Morte ou à Igreja de Vila Franca de Xira.
A comunidade de Povos, que frequentou durante séculos uma capela na sua área de residência, viu-se privada do templo na sequência da sua destruição quase completa durante o terramoto de 1755. À época, a população decidiu que o custo da reconstrução era excessivo e passou a frequentar os outros templos. Durante várias décadas, um celeiro cedido pela família Palha serviu de templo improvisado.