Obras não resolvem problemas em rampas de parque da Póvoa de Santa Iria
Estruturas são demasiado inclinadas e apresentam desníveis no piso, o que dificulta a vida a quem tem mobilidade reduzida.
É com algumas cautelas que Sérgio Lopes decide aventurar-se a descer na sua cadeira de rodas numa das rampas instaladas no Parque José Maria Ferreira, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira. As rampas foram alvo de uma intervenção por parte da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa no dia 16 de Janeiro mas as dificuldades mantêm-se para as pessoas com mobilidade reduzida.
Os problemas vão desde a acentuada inclinação de uma das rampas, que não permite a subida de uma pessoa com uma cadeira de rodas manual, ao abatimento das lajes em pedra de outra que criou desníveis no piso e que permanecem apesar das obras. Falta também um corrimão que ajude as pessoas mais idosas a subir as rampas. Esses problemas levam a que grande parte dos utilizadores optem pela utilização das escadas ao lado ou por contornar o parque pelo passeio existente no lado de fora.
A O MIRANTE, Sérgio Lopes admite que o facto de utilizar uma cadeira de rodas eléctrica ajuda a ultrapassar este tipo de obstáculos mas defende que a acessibilidade tem de ser para todos, o que não é o caso. Não quer estar a “criticar por criticar”, e reconhece que as rampas estavam em mau estado e que precisavam de ser reparadas, mas não percebe por que não se realizou um outro tipo de intervenção para corrigir os problemas que já tinham sido previamente detectados. “Mais vale investir um pouco mais de dinheiro e fazer tudo bem, do que andar a fazer aos bocados. Estamos a assistir aos mesmos erros”, desabafa.
Florinda Lobato é outra das utilizadoras assíduas desse espaço, que utiliza, em conjunto com a filha, no caminho para a estação de comboios. Um acidente obrigou a filha a utilizar canadianas para se deslocar. Sempre que utilizava o Parque José Maria Ferreira no caminho para a fisioterapia, preferia usar as escadas de base larga que se encontram ao lado da rampa. “Se a minha filha utilizasse a rampa como era suposto, corria o risco de se lesionar ainda mais”, diz.
Joaquim e Antónia Santos, ambos com 83 anos, confessam que sentem algum receio em utilizar as rampas do parque por não terem onde se apoiar. E também “custa utilizar as escadas, porque os joelhos já não são o que eram”. Todos os dias passam por ali de manhã no caminho para a padaria, e agora optam por contornar o parque, utilizando o passeio. “É mais seguro para nós”, confessa Joaquim Santos.
Junta de freguesia atenta às queixas
O presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa, Jorge Ribeiro, explicou a O MIRANTE que o que aconteceu no dia 16 de Janeiro foi apenas uma reparação do pavimento e não uma requalificação do parque. Alerta ainda para o facto de que este parque foi construído há mais de 20 anos, numa altura em que ainda não existia legislação relativa à acessibilidade, daí as rampas não cumprirem algumas das normas que estão previstas actualmente. “Não estava prevista uma intervenção de fundo naquele espaço, no entanto a junta está a registar as queixas e a ponderar a realização de intervenções de acordo com a legislação”, concluiu.