Achados arqueológicos atrasaram obras na Sinagoga de Tomar
Município prevê que a intervenção esteja concluída no final de Junho
As obras na Sinagoga de Tomar estiveram suspensas durante cerca de um mês devido aos achados arqueológicos detectados no decurso da intervenção. A informação foi dada pelo vice-presidente da Câmara de Tomar, Hugo Cristóvão (PS), em sessão camarária. “Após os achados arqueológicos, o planeamento normal da obra ficou suspenso durante cerca de um mês”, referiu em resposta a uma questão levantada pelo vereador Luís Ramos (PSD), que pretendia saber qual o prazo de conclusão da obra. Hugo Cristóvão disse que está previsto que a obra acabe até final de Junho.
Luís Ramos sugeriu que o município force o empreiteiro a concluir a obra dentro do novo prazo estipulado para não atrasar a reabertura do templo judaico. “Está a começar a época em que os turistas nos visitam e é importante que a sinagoga esteja aberta ao público”, referiu o autarca social-democrata.
Hugo Cristóvão sublinhou que é do interesse de todos que a obra se conclua o mais rápido possível. Recorde-se que o espólio da Sinagoga de Tomar, um dos monumentos mais visitados da cidade, foi parcialmente deslocado para o Complexo Cultural da Levada, onde os visitantes o podem ver enquanto durarem as obras de requalificação do espaço.
As obras iniciaram-se a 20 de Dezembro, obrigando ao encerramento do edifício. Monumento nacional classificado desde 1921, a Sinagoga de Tomar está a ser alvo de obras de requalificação cuja primeira fase será apoiada pela Noruega através do fundo EE Grants, no valor de 150 mil euros.
O único templo judaico medieval do país
Luís Vasco foi o zelador da Sinagoga de Tomar durante mais de 25 anos. Quando faleceu, em Novembro de 2012, a esposa, Maria Teresa, ficou a substituí-lo, no templo situado na Rua Joaquim Jacinto (Rua da Judiaria), no centro histórico da cidade. Foi Luís Vasco quem conseguiu reabrir, no início dos anos 80, o único templo judaico medieval que existe no nosso país.
Tal como contámos numa reportagem publicada em Junho de 2009, a falta de entendimento entre a Câmara de Tomar e o Governo levou a que o Museu Luso Hebraico Abraão Zacuto, criado por Despacho Governamental em 27/7/1939, demorasse a ser concretizado pelo que o tomarense, farto de ver os turistas a bater com o nariz na porta, juntou um grupo de vizinhos e conseguiu que o presidente da câmara municipal da altura, Amândio Murta (PS) lhe entregasse umas chaves do edifício. A partir desse momento, começou a gerir o monumento nacional.