Polícia intervém em iniciativa da Escola de Toureio José Falcão proibindo bandarilhas
Para a IGAC o Certame de Aulas Práticas em Vila Franca de Xira tinha de estar licenciado como espectáculo
A PSP proibiu o uso de bandarilhas, mesmo não contendo arpões, no V Certame Internacional de Aulas Práticas, organizado pela Escola de Toureio José Falcão no Tentadero do Cabo, em Vila Franca de Xira, porque o espaço não estava licenciado para espectáculos. A intervenção da Polícia, no passado sábado, 9 de Junho, surgiu na sequência de uma denúncia à Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) por parte de uma organização anti-taurina.
A Polícia notificou a organização da proibição de utilização de bandarilhas por parte dos jovens aspirantes a toureiro, tendo essa ordem sido acatada e transmitida aos aficionados que assistiam à iniciativa. Os agentes policiais identificaram os alunos participantes e os responsáveis pela organização, bem como o director da Escola de Toureio José Falcão, José Manuel Rainho, por indicação da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ). O director da escola confirmou a O MIRANTE que não se verificou qualquer irregularidade quanto à participação de menores na aula.
O director da escola, José Manuel Rainho, diz que esta tem sido alvo de perseguição por parte de grupos defensores dos direitos dos animais. O dirigente explica que os alunos precisam de usar bandarilhas nas aulas para efeitos de formação para futuros toureiros. Em causa está o facto de a organização entender que se trata de uma aula aberta, para a qual foram feitos cartazes e aberta a assistência ao público em geral, e de a IGAC entender que, ao usarem-se bandarilhas está-se perante um espectáculo de variedades taurinas que deve estar licenciado.
Tratando-se de um espectáculo, como entende a IGAC, a organização está obrigada a respeitar as normas do regulamento tauromáquico. Mas a organização rejeita o fundamento das autoridades, considerando que as aulas práticas são matéria de ensino e não um espectáculo. O director da escola diz que “a IGAC quer que o Cabo seja taxado como um recinto de espectáculos”, o que José Manuel Rainho recusa, argumentando que é um espaço de ensino da Escola de Toureio José Falcão. “É onde fazemos as nossas aulas práticas, para quando os alunos chegarem às praças e às novilhadas formais já irem minimamente preparados para isso”.
O ex-matador de toiros Vítor Mendes, formador na escola, explica que este evento já se organiza há anos e que a Escola de Toureio José Falcão é a única a nível nacional que faz parte da Federação Internacional das Escolas de Toureio, pelo que tem de dar formação e contrapartidas a outras escolas de Espanha, França e América do Sul. “É enquanto membros dessa federação, que somos responsáveis pelas ditas organizações”.
Sábado há mais aulas práticas
As aulas práticas de sábado contaram com a participação de duas escolas de toureio portuguesas e duas espanholas e quatro novilhos de Falé Filipe. Os novilheiros foram Rui Jardim, da Academia do Campo Pequeno, Alejandro Rivera, da Escola Taurina de Badajoz, Cayetano López, da Escola Taurina de Málaga e Duarte Silva, da Escola de Toureio José Falcão, organizadora do evento. O Troféu Bodeguita Pereira para a melhor faena foi entregue a Alejandro Rivera.
No próximo sábado, 16 de Junho, pelas 17h00, há mais aulas práticas do Certame Internacional no Tentadero do Cabo, com a participação de Sérgio Nunes e Borja Ximelis, da Escola Taurimaquia José Cubero Ylyo Madrid, Filipe Martinho, da Escola Taurina da Moita do Ribatejo e, uma vez mais, Duarte Silva, da Escola de Toureio José Falcão, que lidarão quatro novilhos de São Torcato.