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Cinéfilo Manuel Serra d’Aire

O presidente da Câmara da Golegã não quer água das regas a jorrar para as estradas dos campos do concelho, porque ajuda a abrir buracos no piso, e já avisou os agricultores que quem não reparar os estragos vai ter de abrir os cordões à bolsa. Ora, esta é uma medida completamente absurda. Toda a gente sabe que as estradas do campo têm esse nome porque, muitas das vezes, até as suas bermas e valetas são lavradas pelos homens da terra que têm a espinhosa missão de alimentar a humanidade.
Recordo-me que há uns anos a estrada entre a Golegã e a Azinhaga esteve submersa um par de meses porque a água das cheias não escoava. E porquê? Porque as bermas e valetas tinham sido transformadas em terra de cultivo. E muito bem, diga-se de passagem. Uma berma não rende nada. Mas um metro quadrado de terra a mais pode alimentar muita boquinha. Por isso, o autarca da Golegã, em vez de ameaçar os agricultores por lhe estragarem as estradas de terra batida devia dar graças a Deus por ainda ninguém se ter lembrado de começar lá a plantar milho e outras culturas.
Vamos continuar a ter touradas e ainda bem. A proposta do PAN foi chumbada no Parlamento e eu dei três voltas à rotunda mais movimentada da minha terra a buzinar no bolinhas que nem um doido, pois é assim que se celebram os grandes êxitos agora. E um gajo evita andar a brincar com foguetes e sujeitar-se a ficar sem dedos para fazer piretes. E há tanta gente a merecer uns piretes bem feitos...
Não sei como conseguiria continuar a viver condignamente sem o ambiente festivo das praças de toiros, começando logo pelas ‘chicas’ e balzaquianas todas produzidas, perfumadas e cheias de salero que estão contantemente a puxar-me o olhar da arena para as bancadas. A bem dizer, essa é a parte da tourada de que gosto mais e que ajuda a compensar a roubalheira que é o preço da cerveja numa praça. Levarem-nos isso por decreto seria um crime lesa-pátria, até porque se acabassem as touradas extinguiam-se também as manifestações anti-taurinas com activistas desnudadas, apenas cobertas de sangue artificial, como já vi algures. E a minha costela lúbrica adora esses momentos de protesto mais ousados...
Por falar em cerveja, estou admirado como é que ainda não se ouviram os proprietários de cervejarias a queixarem-se desta Primavera tardia que nem puxa para os canecos. Eu que sou daqueles que gosta de calor no Verão e de frio no Inverno começo a ficar preocupado com esse sector de actividade e também com o de venda de biquinis e afins, pois com estas temperaturas há muita moçoila friorenta que não se vai aventurar a mostrar os resultados da depilação. É tempo de a malta que o ano passado andou a organizar procissões para pedir chuva assumir as suas responsabilidades e apelar agora aos santos que mandem para cá um calorzito de 30 graus que nos aqueça o ânimo e seque as goelas. Porque Verão sem biquinis nem cerveja é uma espécie de Inverno escandinavo, mas sem louras altas e desinibidas.
Um abraço quebra-costas do
Serafim das Neves

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