Invasão de carraças ameaça moradores do Casal dos Estanques
Zona de Vialonga está muito degradada e município avança com desinfestação
Há uma praga de carraças na zona do Casal dos Estanques, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, que está a ameaçar a saúde pública. Cerca de meia dezena de moradores, na sua maioria de etnia cigana, que ocupam ilegalmente um aviário abandonado no local, já tiveram de receber assistência médica devido à picada desses parasitas, que transmitem bactérias que originam problemas graves.
Fátima Antunes, vereadora com o pelouro do serviço médico veterinário municipal, confirma a situação e assegura que o município está vigilante e a acompanhar a evolução do problema. A autarca explica que o local já foi visitado pela delegada de saúde local, GNR e técnicos do município. “Estamos apenas a aguardar por um relatório final da situação e vamos avançar com uma desinfestação no local”, refere.
A falta de higiene da zona onde vive a comunidade cigana, aliada ao excesso de mato seco e vegetação nas proximidades, é propício ao desenvolvimento das carraças. A somar ao problema está a elevada quantidade de cães e gatos existentes na zona.
Entre os sintomas de uma picada de carraça – pequenos parasitas de cor escura - estão erupções cutâneas, febre, rigidez do pescoço, dores musculares, sintomas de gripe, dores de cabeça fortes, dificuldade em respirar ou até paralisia e dores no peito. As autoridades de saúde recomendam um contacto urgente com o 112 em caso de haver dificuldades respiratórias. O melhor método para remover uma carraça é puxando-a com uma pinça, tentando extraí-la do corpo sem deixar para trás as mandíbulas agarradas à pele.
Famílias ciganas vivem em antigo aviário
As más condições em que vivem as 60 famílias de etnia cigana no Casal dos Estanques não são novidade e há muito que constituem um motivo de preocupação de saúde pública para as diferentes entidades e, em particular, para os restantes moradores que vivem paredes meias com o cenário. Quem ali vive queixa-se de dejectos a céu aberto que provocam maus cheiros e aproximação de insectos, juntamente com lixo que atrai roedores. A comunidade vive sem água, luz ou esgotos.
Os vizinhos queixam-se também do mau ambiente onde vivem e de insegurança, lamentando que tanto a junta como a câmara municipal tenha “ignorado” por completo a manutenção daquela zona da freguesia. Há dois anos uma moradora relatou a situação ao provedor de justiça, classificando-a de “decadente” e “miserável”, como O MIRANTE noticiou.
O aviário é propriedade privada e está há uma década envolvido num imbróglio jurídico com a massa insolvente, impedindo o município de intervir no local.