Comissão administrativa do Vilafranquense com novo presidente e nova esperança
Assembleia-geral permitiu encontrar novos sócios para gerir os destinos do clube. Márcio Oliveira emergiu como novo presidente da comissão administrativa do União Desportiva Vilafranquense numa noite de demissões em assembleia-geral. Vai herdar um passivo de 1 milhão e 730 mil euros.
Márcio Oliveira, 38 anos, é o novo presidente da comissão administrativa do União Desportiva Vilafranquense (UDV), eleito pelos sócios na última assembleia-geral realizada a 26 de Julho no pavilhão José Mário Cerejo em Vila Franca de Xira. Uma noite que ficou marcada pela demissão de dois antigos membros da comissão, Paulo Luz e o presidente que durante os últimos 9 anos geriu os destinos do clube, Francisco Beirolas. Também o presidente da assembleia-geral, António Chaparro, se demitiu.
Márcio Oliveira é empresário do ramo das tecnologias de informação, é da Castanheira do Ribatejo mas vive em Vila Franca de Xira. Está ligado ao clube através dos filhos que ali praticam desporto. “Todos sabemos da situação em que o clube estava e nós todos que estamos aqui, nesta nova comissão, o que não queremos é que o clube feche, que é o que pode acontecer se não aparecerem pessoas disponíveis para o gerir. Temos muitas crianças a praticar desporto, se o clube acabar na cidade é uma grande perda”, explica a O MIRANTE.
Além de Márcio Oliveira entraram para a comissão administrativa os sócios Carlos Caldeira, João Leonardo, Nuno Carvalho, Carla Martins, Susana Faria e Ana Ferro. Mantém-se da antiga comissão Luís Dinis, que continuará a fazer a ponte com a Sociedade Anónima Desportiva que gere o futebol do UDV.
Na assembleia-geral do clube o problema dos dinheiros desaparecidos para pagar a marina foi um tema que os sócios evitaram discutir, mesmo pairando no ar a investigação que o Ministério Público vai realizar ao clube, cuja situação financeira é muito complicada, com passivo global de 1 milhão e 730 mil euros. Os novos elementos já se inteiraram da situação financeira do clube e sabem que têm dinheiro em caixa para a gestão corrente dos próximos meses e para inscrever atletas nas competições federadas, graças à gestão cuidadosa de Francisco Beirolas, que lembrou que quando pegou no clube “nem dinheiro havia para pagar a luz do pavilhão”.
Mas a dívida global tem causado problemas ao UDV: está impedido pelos regulamentos municipais de receber apoios do Programa de Apoio ao Movimento Associativo (PAMA), perdeu o seu estatuto de utilidade pública e nem na Feira de Outubro, na zona das tasquinhas, poderá colocar um espaço gratuito para tentar angariar algum dinheiro.
Situação que mereceu do presidente demissionário, Francisco Beirolas, duras críticas: “Da câmara só temos tido parcos apoios e ultimamente até os apoios na água e nos transportes nos cortaram. Qualquer coisa como 25 mil euros ao ano, porque alguém da câmara se lembrou que estavam a cometer uma ilegalidade. Com boa vontade certamente que se conseguiria encontrar solução para isso”.
Vereadores do Bloco de Esquerda criticados
Na hora da saída, o ex-presidente, Francisco Beirolas, não escondeu a sua revolta pelo que têm sido as intervenções em reunião de câmara dos vereadores do Bloco de Esquerda – Carlos Patrão e Rui Perdigão – a quem acusou de prejudicarem a imagem do clube. “Vão para lá falar sem conhecerem nada da nossa situação e na questão da marina até disseram que não devíamos ser ajudados? O que é isto? Gente que nem sequer cá entra. Se lhes perguntar quantos sócios somos no UDV de certeza absoluta que não fazem ideia nenhuma, é uma tristeza”, criticou, exaltado, o ex-dirigente.