Prisão do suspeito dos incêndios em Alviobeira deixou população espantada
Jovem é tido como bom amigo e boa pessoa a passar por um mau momento devido a depressão. Com um namoro estável e a trabalhar na área de que gosta, e para a qual estudou na Escola Profissional de Tomar, nada fazia prever um comportamento desviante.
“Um bom amigo”, é como Paulo Alcobia descreve o jovem detido a 17 de Julho, suspeito de ter ateado três incêndios na zona de Alviobeira, concelho de Tomar. Residente no lugar de Benfica, o jovem, de 22 anos, que está em prisão preventiva, é conhecido de toda a vizinhança, que recebeu a notícia com espanto. O presumível incendiário estava a ser acompanhado por uma psiquiatra em Tomar e tinha regressado ao trabalho na cozinha de um conceituado restaurante da cidade há cerca de três semanas depois de mais de um mês de baixa médica por depressão.
Os vizinhos Maria Augustina e Joaquim falam de um rapaz simpático que conhecem desde que nasceu. “Ficámos muito admirados”, diz Augustina a O MIRANTE, enquanto rega a horta com a ajuda do marido. É uma notícia difícil de digerir pelos vizinhos, que, se por um lado conhecem o jovem desde pequeno e nada têm a apontar de errado no seu comportamento e trato social, por outro sentiram-se ameaçados com a possibilidade real de perder os seus bens, ou mesmo a vida, caso os incêndios ateados tivessem tomado grandes proporções.
Algumas pessoas da localidade culpam a mãe dizendo que isto acontece porque ela não lhe deu educação, mas quem conhece bem a família considera que o que os filhos fazem não é culpa dos pais. O jovem gostava de ajudar os pais no negócio que estes exploram e tem sido a doença que o tem desorientado. Os pais ainda não sabem quanto tempo o filho ficará preso preventivamente, sabem apenas que está a ser medicado e que será alvo de uma avaliação psicológica a cada três meses.
O jovem foi detido pela Polícia Judiciária na sequência de uma investigação que teve a colaboração da Guarda Nacional Republicana de Tomar, tendo ficado em prisão preventiva no Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias, uma medida de coação aplicada pelo juiz de instrução do Tribunal de Santarém, que o ouviu em primeiro interrogatório.
Outras detenções recentes
A 24 de Julho um homem de 46 anos foi detido por suspeita de atear fogo num canavial contíguo a várias casas de habitação permanente no concelho de Santarém. Duas semanas antes outro homem foi detido por suspeita de ter ateado um incêndio florestal, na tarde de 2 de Julho, na zona de Mouriscas, Abrantes.
Tomar com maior número de ignições
Tomar foi o concelho do distrito de Santarém com o maior número de ignições registadas a nível de incêndios em 2017. No total foram 194 ignições, sendo que a maior parte aconteceram por acção criminosa ou negligente. Segundo a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, em 2018 há um padrão que se mantém com ocorrências nas localidades de Asseiceira, São Pedro e Casais/Alviobeira, normalmente por volta das 23h00 e que levou a esta detenção e à identificação de vários suspeitos.