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Arrebatado Serafim das Neves

No sábado, 22 de Setembro, assinala-se o Dia Europeu Sem Carros e eu não posso deixar de me sentir feliz. De ano para ano há cada vez menos viaturas a circular em algumas praças e pracetas que são vedadas ao trânsito durante umas horas. E isso é fantástico uma vez que, desde que o Dia Sem Carros começou, até agora, há mais uns bons milhares de carros em circulação.
Se no ano 2000 se conseguiu que vinte e tal carros parassem de poluir a praça do município em Santarém, das oito da manhã às cinco da tarde, o que foi excelente, este ano evitar-se-á a circulação de mais de dois mil carros no mesmo local, o que será um feito verdadeiramente espectacular.
Onde também estamos bem lançados é nas ciclovias. Com tantas ciclovias que Bruxelas nos tem obrigado a construir porque não nos dá aquele dinheiro para outras coisas, já deveremos ter para aí uns bons cento e cinquenta metros de ciclovia por habitante. E o pessoal está a aderir em massa.
Vê lá tu que em Portugal, a percentagem de utilização da bicicleta como meio de deslocação de casa para o trabalho, está em 1 (um) por cento. É excelente ou não é?! A média europeia é um niquinho mais alta e já chegou aos 7 por cento mas nós vamos lá, acredita. Mais uns anitos e chegaremos, provavelmente, aos 2 por cento, o que é fantástico. E se entretanto a média europeia subir para os 20 ou 30 por cento é só porque os outros povos da Europa são...uns grandes invejosos.
Referes no teu último e-mail a história do vereador do PSD na Câmara de Santarém, Nuno Rafael Marona de Carvalho Serra, que votou ao lado da oposição PS, contra a proposta do seu partido de criação de mais um lugar de vereador a tempo inteiro, no executivo.
Há quem diga que o fez porque o único vereador social-democrata que ainda não está a tempo inteiro é o antigo líder da JSD, Ricardo Rato, que era seu apoiante mas que nas últimas eleições internas do PSD votou contra si, ajudando a eleger João Moura.
Eu não acredito que o Nuno Rafael Marona de Carvalho Serra, que além de vereador é deputado na Assembleia da República, seja desses. Além disso, a tradição dos partidos políticos em geral não contempla vinganças mesquinhas como sabes. Se ele votou contra foi apenas para evitar o aumento das despesas municipais, o que é louvável.
Ricardo Rato está a meio tempo mas Nuno Serra sabe que ele é tão bom, tão bom, que não precisa de mais tempo para fazer o dobro do que já faz com o mesmo número de horas. E que isso lhe permitirá continuar a ter tempo livre para tentar acabar o curso universitário que tem em banho-maria e dedicar-se de alma e coração ao seu cargo de presidente da Associação Juvenil Mentalidade X, organização que precisa dele como de pão para a boca.
Serafim amigo, nunca me tinha passado pela cabeça que a realização de um concerto numa capela ou igreja católica, seja de canto lírico, fado ou música coral, implicasse uma avaliação e aprovação prévia das peças a executar e dos músicos e cantores que as irão interpretar, pelo “Ordinário Diocesano” em colaboração do “Departamento de Liturgia”.
Confesso que só fiquei a saber disso por causa do comunicado da Diocese de Santarém, emitido a propósito de um concerto na Igreja de São Sebastião em Cem Soldos, durante o Festival Bons Sons. Mas não há nada a temer.
Eu já estive em igrejas aqui da região a ouvir, por exemplo, o fadista João Chora, da Chamusca, ou a cantora Cristina Branco, de Almeirim, a cantarem poemas que não exaltavam Deus nem Cristo, nem os Santos e Santas e se eles o fizeram é porque não foram vetados.
E na Igreja de Cem Soldos já tocaram Sampladélicos, Tranglomango, Tio Rex, Ciclo Preparatório, Reportório Osório e muitos, muitos mais, o que me leva a concluir que a Igreja Católica é, de longe, quem mais apoio dá à música portuguesa ao vivo, por muito que isso custe aos ultra-conservadores do “Senza Pagare” que se queixaram amargamente das dores de ouvidos causadas pelos solos da guitarra eléctrica do músico Afonso Dorido.

Saudações divinais
Manuel Serra d’Aire

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