Em Portugal não há partidos xenófobos mas isso não significa a inexistência de pessoas que têm esse vírus dentro de si. Pessoas que à primeira observação menos lisonjeira para Portugal mandam o estrangeiro que a profere apanhar um transporte para voltar para a sua terra. Eu assisto regularmente a situações dessas.
A última vez que assisti a uma foi na manhã de sexta-feira, dia 14, na Loja do Cidadão em Santarém, no balcão do IMT. Uma funcionária, perante a insistência e as observações de um casal estrangeiro que ali tentava resolver o assunto, disse, alto e bom som: “Se não gostam das nossas leis façam as malas e voltem para a vossa terra”.
Como diria o Herman José, na pele do personagem Diácono Remédios, não havia nechexidade! Quem estava perante a referida funcionária está autorizado pelo Estado a residir e a trabalhar em Portugal e paga os mesmos impostos que outro qualquer cidadão. Gostar das leis portuguesas não é condição para obter residência e visto de trabalho. Apenas é obrigatório respeitá-las.
Como todos sabemos, nem todos os portugueses gostam das leis que são obrigados a cumprir, seja aqui ou no país onde estejam emigrados mas isso não os obriga a sair, nem de Portugal nem do país para onde emigraram.
A funcionária em causa, mesmo que tivesse razão e pelo que me apercebi até tinha, podia ter-se limitado a acabar com a conversa e chamar a pessoa com a senha seguinte, até porque não me apercebi de nenhuma falta de educação ou de acto menos próprio por parte do casal.
Marco António Feliciano Pereira