A empresa que ganhou o concurso público para requalificar o bairro do Programa Especial de Realojamento (PER) da Póvoa de Santa Iria, também conhecido como Bairro Azul, pediu dinheiro adiantado da obra à Câmara de Vila Franca de Xira ainda antes dos trabalhos arrancarem. O dinheiro servirá, entre outras utilizações, para a compra de materiais e pagamento de salários. A operação está enquadrada no âmbito da legislação mas a situação não deixou de levantar preocupações, em particular junto da oposição CDU, quanto ao pulmão financeiro da empresa que está a levar a cargo a obra, que vai custar um milhão e 500 mil euros, co-financiada por fundos comunitários.
A vereadora Regina Janeiro (CDU) nota que uma empresa que concorra a um concurso público “tem que ter condições para fazer a obra” e reforçou, perguntando se os socialistas “têm a certeza” da saúde financeira da empresa construtora, “para que não nos falhe no final”.
O presidente da câmara, Alberto Mesquita (PS), tranquiliza dizendo que “já em vários momentos houve situações deste tipo” no concelho, decorrentes das dificuldades financeiras provenientes da crise financeira mundial de 2008. “A empresa empreiteira pediu este adiantamento que está enquadrado na lei e apresentou garantias bancárias para o efeito. Estamos salvaguardados. A empresa precisa dele para a sua gestão e da própria empreitada e entendemos que devíamos fazer este adiantamento para não corrermos o risco da empreitada ficar suspensa. Julgo que vai permitir que a obra não tenha nenhum sobressalto e vá correr bem”, notou.
Os trabalhos são há muito reclamados por quem vive naquele bairro municipal, que era um dos mais degradados do concelho. Os moradores dos 82 apartamentos do bairro vão mudar-se para pensões, hotéis e apartamentos alugados pela câmara durante as obras. De todos os bairros sociais do Programa Especial de Realojamento do concelho de Vila Franca de Xira, o Bairro Azul da Póvoa de Santa Iria era dos que mais necessitava de intervenção urgente.