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A estrela do judo que brilha na Gualdim Pais
Patrícia Sampaio é treinada pelo irmão, Igor, em Tomar

A estrela do judo que brilha na Gualdim Pais

Patrícia Sampaio sagrou-se recentemente campeã europeia de juniores. Judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais tem-se destacado pelos excelentes resultados em competições europeias e mundiais. O MIRANTE esteve com a atleta e o seu treinador, o irmão Igor, e mostra-lhe como o judo pode ser uma questão de família.

“Parabéns menina Patrícia!”. Esta é a saudação que ouvimos ao entrar na Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, em Tomar, acompanhados pela jovem judoca. Ainda não passaram duas semanas desde que se sagrou campeã europeia de juniores em Sófia, Bulgária, na categoria de -78 kg, e há quem não tenha tido tempo de felicitar a atleta e aproveite para o fazer quando a vê regressar a “casa” para mais um treino.
Com 19 anos e um palmarés invejável, onde além do ouro no campeonato europeu conquistou também a medalha de bronze nos Mundiais do mesmo escalão, em 2017, em Zagreb, Croácia, e mais recentemente foi um dos quatro nonos lugares no campeonato do Mundo de Seniores em Baku (Azerbaijão), Patrícia confessa que já foi sondada pelos clubes grandes, mas é na Gualdim Pais que se sente em casa. “Uma razão muito forte para ficar é o meu irmão e meu treinador, Igor Sampaio”, diz sorrindo e olhando para o irmão que acompanha a conversa com a judoca.
Disciplinada por natureza, Patrícia frequenta o segundo ano do curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e treina quatro horas por dia, duas de judo e duas de ginásio. Durante a semana o treino, em Lisboa, é acompanhado pelo treinador da selecção, às sextas e sábados regressa a Tomar onde treina com o irmão.
Não resta muito tempo para passatempos e saídas, há apenas o domingo para estar com a família e com os amigos. O irmão ironiza que depois do judo vem o ginásio e depois do ginásio o judo. Patrícia sorri e confirma. Mas não se queixa. Afinal só com muito esforço e dedicação consegue atingir os objectivos que traçou para a sua carreira.
Ao sagrar-se campeã da Europa sentiu que alcançou aquilo que queria e para o que trabalhava há muito tempo. Chorou, não queria acreditar, mas sentiu-se nas nuvens. Agora os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (que eram um sonho quando O MIRANTE falou com a atleta em 2014) são um objectivo cada vez mais real.
O apuramento olímpico começou em Maio, é necessário fazer muitas provas e conquistar pontos. Patrícia diz estar bem encaminhada mas confessa que ainda não conseguiu os resultados pretendidos.
Em Portugal sempre teve dificuldade em encontrar adversárias à sua altura (leia-se para a sua categoria -78 kg). Grande parte das atletas rondam os 50 a 60 kg e muitas vezes treina com rapazes. Isso dificulta-lhe os treinos, que acabam por não ser realistas e aproximados à competição, “uma vez que os rapazes são mais fortes”, diz a atleta. Tem um namorado que também é praticante de judo mas não praticam muito juntos porque ele é muito maior. “Mas já o deitei ao tapete, sou um bocado bruta”, graceja a judoca confessando que só na brincadeira é que põe em prática as técnicas do judo fora do “Tatami” (tapete onde os judocas treinam e competem). “Se fosse ameaçada por alguém na rua não ia conseguir fazer nada, só fugir”, diz.

A carreira de judoca dura tanto quanto o sonho que tiver
O MIRANTE quis saber quanto tempo dura a carreira de um praticante de judo de alto nível. Igor Sampaio tinha a resposta na ponta da língua: “dura tanto quanto o sonho que ele tiver”.
O treinador de Patrícia Sampaio afirma que o sonho de um judoca começa a formar-se quando já há algum potencial, por volta dos 16 anos, e pode estender-se até aos 30, 34, 36 anos. “Há vários exemplos de atletas dessas idades a concorrer aos Jogos Olímpicos de 2020 e na altura já terão mais dois anos”, diz.
Para o técnico, no judo, ao contrário de outros desportos, como o futebol, consegue-se gerir a carga e ajustar o desempenho no tapete à idade. “Se falarmos num rendimento sustentável podemos referir uns 15 anos de competição. Quatro ciclos olímpicos, se falarmos de alguém mesmo fora de série”. Igor dá como exemplo Telma Monteiro que vai para a quinta participação em Jogos Olímpicos.
Patrícia Sampaio ainda tem muita competição pela frente. Pode competir pelo escalão juniores até ao ano em que faz 20 anos, 2019, e os seus objectivos a curto prazo são o Campeonato do Mundo de juniores, em Nassau, nas Bahamas, entre 17 e 21 de Outubro, que também vai contar para o apuramento para os Jogos Olímpicos, onde, a apurar-se, já competirá como sénior.

O irmão e treinador

Igor Sampaio tem 26 anos, mais sete do que a irmã Patrícia. Lembra que ainda tiveram brigas de crianças juntos mas agora sente um grande orgulho nas conquistas da “mana”. Antes de ser treinador, Igor também foi um excelente praticante de judo, fez uma Taça Europa, onde ficou em segundo lugar, e foi campeão nacional três vezes. Não sabe porque nunca foi escolhido para representar Portugal no estrangeiro. Adianta que na altura havia uma aposta muito grande em procurar talentos nos grandes centros como Lisboa, Porto ou Coimbra. O que felizmente, na sua opinião, está a mudar. “A Patrícia foi pioneira nesse aspecto da descentralização”, remata.

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