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“Quem decide não faz ideia do país que temos”
Pedro Ribeiro critica os decisores de só olharem para Lisboa

“Quem decide não faz ideia do país que temos”

Lezíria do Tejo apresentou projectos ao Governo para a próxima década sem grandes expectativas. Presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo mostra-se céptico quanto à concretização dos investimentos públicos apontados como prioritários para essa região, dizendo que quem decide, habitualmente, só olha para os interesses de Lisboa.

A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) elenca, entre os investimentos prioritários para a região nas próximas décadas, a construção do aeroporto internacional no antigo Campo de Tiro de Alcochete, no concelho de Benavente, e o Projecto Tejo. Mas o presidente da CIMLT, o socialista Pedro Ribeiro, também presidente da Câmara de Almeirim, não acredita que os mesmos se venham a concretizar, referindo que quem decide não conhece o país e só olha para Lisboa.
“Se me perguntarem se acredito no que me estão a pedir, não acredito. Fui enganado muitas vezes. Estou farto, cansado, de quem decide olhar só para Lisboa. Pediram-nos o que consideramos fundamental para as próximas décadas. Está aí. Acredito? Não. Quem está, quem esteve, quem decide não faz ideia do país que temos”, declarou o autarca à Lusa.
Ciente de que só esses dois projectos representam cerca de metade da verba do Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, Pedro Ribeiro disse à Lusa que a região fez questão de apontar ao Governo projectos que considera estruturantes, sabendo de antemão que aquilo que foi pedido pelo Governo a cada NUT (unidade territorial para fins estatísticos) no âmbito da discussão do PNI “não será tido em conta”.
Para Pedro Ribeiro, a inclusão dos investimentos realmente prioritários para cada região num plano nacional só acontecerá quando for feita a regionalização do país, sob o risco de se estar “a começar a casa pelo telhado”.
Como exemplo, apontou o projecto que tem sido apresentado como “um novo Alqueva” para o Ribatejo e o Oeste, com a criação de pequenas barragens insufláveis ao longo do rio Tejo para permitir a irrigação de cerca de 300.000 hectares na “zona agrícola mais importante do país e uma das melhores da Europa”, num investimento da ordem dos cinco mil milhões de euros que, no seu entender, tem de ser encarado como “intergeracional”, para além do horizonte do PNI 2030.
Em relação à inclusão do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) no Campo de Tiro de Alcochete (Benavente), projecto de 2008 entretanto “metido na gaveta”, Pedro Ribeiro disse que, também neste caso, houve consenso das 11 autarquias que integram a CIMLT e das entidades presentes no Conselho Estratégico da comunidade. “O Montijo não vai resolver o problema. O país precisa de um aeroporto internacional com capacidade para receber grandes aviões”, frisou.

Linha do Norte, estradas e pontes
Da lista de prioridades da CIMLT consta ainda o desvio da Linha do Norte em Santarém, recuperando o projecto da variante, também “na gaveta”, que resolveria os riscos da passagem da principal linha ferroviária do país numa zona sujeita a derrocadas.
Um projecto que a região espera ver avançar finalmente é o Centro de Excelência para a Agricultura e a Agroindústria, estrutura a criar em parceria entre o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e um vasto conjunto de instituições. Foi protocolada em Abril de 2015, mas aguarda financiamento, ambicionando-se que funcione como um ‘interface’ da investigação com o tecido empresarial.
Outros investimentos reivindicados são a conclusão do Itinerário Complementar (IC) 3, entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha, com nova travessia do Tejo junto à Chamusca (para procurar resolver o forte afluxo de tráfego de pesados sobretudo em direção ao Ecoparque do Relvão), e a conclusão do IC10, entre Almeirim e Montemor, para solucionar a travessia do Sorraia, junto a Coruche. Preconiza-se ainda uma intervenção na Ponte Rainha D. Amélia, entre Cartaxo e Salvaterra de Magos, e nas várias estradas nacionais.

“Quem decide não faz ideia do país que temos”

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