Aficionados de Vila Franca de Xira às turras põem em causa Museu da Tauromaquia
Projecto está a tornar-se uma miragem devido às desavenças existentes. Ninguém se entende quanto ao que fazer em relação ao futuro Museu da Tauromaquia em Vila Franca de Xira, que era um sonho pessoal do presidente do município. Um sonho que, confessou Alberto Mesquita, transformou-se num pesadelo.
Desgostoso e frustrado. É desta forma que o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), diz estar a sentir-se no que diz respeito ao futuro Museu da Tauromaquia, que era um dos sonhos que queria concretizar neste mandato.
Tudo porque os afcionados da cidade andam às turras uns com os outros, não têm tido capacidade de se unirem e discutirem desapaixonadamente o tema e, pior, não há consensos à vista e as discussões que têm havido sobre o assunto têm ficado pautadas por discussões acaloradas e, inclusive, ameaças de pancadaria. Na passada semana o autarca foi questionado pelo tema por Mário Vicente, morador da cidade. E não conseguiu esconder o seu desencanto com a situação.
“Quando iniciei funções estava muito esperançado em conseguir resolver esta matéria. Mas a última reunião que houve, o ano passado, entristeceu-me profundamente. Fiquei tão desgostoso, tão frustrado, que este ânimo em avançar com o museu está agora em lista de espera na minha motivação. Aquela reunião não foi boa”, confessou.
Alberto Mesquita acrescenta ainda que o que foi dito e o comportamento de algumas pessoas presentes nessa reunião foi “qualquer coisa de inacreditável”. “Se as pessoas para a preservação do que dizem que gostam, a paixão pela tauromaquia, tivessem uma atitude diferente, se em vez de uma discussão estéril se juntassem para encontrar soluções, era bem provável que o museu tivesse tido algum avanço. O que eu gostava é que me tivessem ajudado, dando informação plausível que pudesse ser acolhida”, explica.
A solução que o autarca defende, no momento, é avançar com o museu na praça de toiros Palha Blanco, no espaço antigamente ocupado pelo restaurante Redondel. Uma solução que não agrada a todos. “Não havendo consenso provavelmente irei colocar à consideração da câmara municipal a possibilidade do museu ir para a Palha Blanco. O espaço não é pequeno e dava um bom local tendo em vista os espectáculos taurinos e outros que ali se realizam. Era uma oportunidade das pessoas antes ou depois dos espectáculos visitarem o museu”, defende.
O município está actualmente a catalogar peças da extinta Assembleia Distrital de Lisboa, visando a sua integração num futuro museu etnográfico a nascer, precisamente, no espaço do antigo Redondel. Mesquita admite que o espólio está numa fronteira “muito ténue” com os espólios relacionados com a tauromaquia e que ambos poderiam ser compatibilizados.
Exploração da Palha Blanco em tribunal
Na última semana ficou a saber-se que o último concurso para a concessão da praça de toiros Palha Blanco acabou em tribunal com um dos concorrentes a entregar na justiça uma acção e uma providência cautelar visando contestar a decisão de concessão à empresa Colina Fresca, liderada pelo empresário Ricardo Levesinho.
O autor da acção entendeu que os concorrentes foram tratados de forma desigual pela entidade promotora do concurso, a Misericórdia de Vila Franca de Xira. Entretanto, a juíza que tem o caso em mãos já veio negar provimento ao processo cautelar, por considerar infundado e não provado o teor dos autos. Enquanto não há decisão da acção principal, a Misericórdia tem optado por realizar ajustes directos dos espectáculos tauromáquicos directamente ao empresário vilafranquense e não à sua empresa.